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Plagiaram a música mineira

Já faz alguns anos, um locutor e apresentador de TV no Rio de Janeiro, muito simpático e ligado ao samba chamado Osvaldo Sar­gentelli, teve a genial ideia de criar um grupo de sambistas escolhidas a dedo nas quadras das escolas cariocas. Com seu olho clínico, sele­cionava o que ele chamava de “As mulatas do Sargentelli” – depois virou “Sargentelli e suas mulatas que não estão no mapa”.

O cara era especialista em descobrir moças bonitas, meu amigo. Pra você ter uma idéia, uma delas foi Aizita Nascimento, que brilhou como uma de suas mulatas e depois virou artista de cinema. Outra que seguiu o mesmo caminho foi Solange Couto, que acaba de sair de cartaz junto com a novela “O tempo não para”, dos “congelados”, mas está sempre na telinha.

Sargentelli e suas mulatas excursionaram pelo exterior e fa­turaram horrores. Com sua voz grave, criou bordões e inventou palavras que até hoje são usadas no universo dos tamborins, tipo “ziriguidum”, “do balacobaco”, “telecoteco” e muitas outras. Ele as pronunciava enquanto o samba comia solto e as mulatas mostra­vam sua arte e beleza dentro de minúsculos biquínis e do alto de suas sandálias de saltos enormes.

Sargentelli foi tocando seu barco até que a coisa se tornou repe­titiva, ele pendurou as chuteiras e a vida seguiu. Nessa mesma linha, um grupo aqui de Ribeirão Preto foi idealizado pelo meu parceiro musical Dedé Cruz, que selecionou, junto com Pereira – sambista de primeira –, alguns músicos e mulatas e saíram por aí, mundo afora.

Aportaram na Cidade do Panamá, capital do país homônimo, contratados pelo Hotel Holiday inn para uma temporada de três me­ses. Foi um sucesso total. Pereira conta que, no mesmo hotel, estava hospedado o super ministro dos Estados Unidos, Henry Kissinger, mas eles não sabiam. Certa noite, desciam de elevador com seus ins­trumentos e fazendo o maior samba, mas quando chegou ao térreo havia um batalhão de fotógrafos esperando o homem.

Quando a porta abriu foi flash pra todo lado. Pereira, pensando que o trem era com eles, mandou o maior samba no seu cavaqui­nho e a turma soltou o gogó, até que a coisa se esclareceu – os fotó­grafos aguardavam Kissinger. Mas havia lá uma escola de samba de nome Brasil-Panamá que abriu um concurso para compositores de samba-enredo, o vencedor ia levar uma bolada federal. Então, apa­receu no hotel um brasileiro de São João Del Rei (MG) a caminho do Canadá, de carona, que parou ali porque a grana acabou.

Viu naquele concurso sua chance de levantar um troco, ins­creveu um samba e foi pedir aos nossos músicos irem ao estúdio acompanhá-lo na gravação. Quando ele mostrou sua composi­ção, em espanhol, a língua dos caras, os músicos que estavam com Dedé Cruz olharam um pro outro e disseram: “Isso é plágio, cara, este é considerado o Hino de Minas Gerais!!!”

O sujeito transformou a valsa “Oh! Minas Gerais” em samba. “Pelo amor de Deus, amigos”, disse o cara, “a escola de samba adorou e eles não sabem disso, me deixem ganhar esta grana, meus irmãos.” Resultado: gravaram o refrão do samba-enre­do, que foi o ponto alto do concurso, saindo-se vencedor . O brasileiro pegou sua grana e seguiu caminho pro Canadá, nossos músicos retornaram ao Brasil, a história ficou pra ser contada e o refrão para ser cantado entre muitas risadas:

“Oh! Mi Panamá,
Oh! Mi Panamá,
Quien te conoce
No olvida jamás
Oh! Mi Panamá”

Música do folclore mineiro… “Oh ! Minas Gerais, Oh! Minas Gerais, quem te conhece não esquece jamais, Oh! Minas Gerais”.

Sexta conto mais.

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