Ribeirão Preto não enfrenta epidemia de dengue há dois anos, desde 2016, quando 35.043 pessoas foram vítimas do Aedes aegypti – mosquito transmissor da doença, do zika vírus, da febre chikungunya e da amarela na área urbana –, mas os números constatados em 26 dias de 2019 preocupam as autoridades, principalmente porque um novo sorotipo, o vírus tipo 2, ainda mais forte, já circula no município.
Na manhã desta segunda-feira, 28 de janeiro, o prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) e o secretário municipal da Saúde, Sandro Scarpelini, participaram, no Salão Nobre do Palácio Rio Branco, de uma videoconferência com o secretário estadual José Henrique Germann e o coordenador de Controle de Doenças do Estado de São Paulo, Marcos Boulos, para discutir as medidas de prevenção e pedir aos moradores que fiquem alertas e não baixem a guarda, por que este tipo de vírus é mais forte e já causou três mortes em São Joaquim da Barra somente neste mês.
Além disso, o número de pessoas com dengue em Ribeirão Preto aumentou 15,5% em janeiro, em comparação com o mesmo mês do ano passado, saltando de 45 para 52, sete a mais – em 2017 foram apenas 16 ocorrências no período. Em 2016, ano da última epidemia, a cidade contabilizou 9.346 vítimas do Aedes aegpyti. Dentre os casos deste ano, um terço é de dengue tipo 2.
Scarpelini disse que uma criança, cuja idade não foi revelada, permanece internada em um hospital particular de Ribeirão Preto com suspeita de dengue hemorrágica. Ela deu entrada entre sexta-feira (25) e sábado (26) em choque, mas o quadro já foi estabilizado. A prefeitura pede à população para que adote medidas preventivas em suas residências, a fim de evitar possíveis focos de criadouros do mosquito nas residências – evitar água parada é a melhor ação contra o vetor.
Germann ressalta: “Estamos em um período de grande trabalho no Estado. Temos feito reuniões diárias com a região norte e noroeste de São Paulo, pois, cidades como Araraquara e Franca têm registrado um aumento. Precisamos atuar para que isso não aumente”, diz. “O grande trabalho está dentro das casas das pessoas. Todos precisam ser alertados sobre os perigos da água parada e os benefícios de se cuidar do próprio espaço e, por isso, contamos com apoio dos veículos de comunicação”, emenda. Os municípios da região, como Araraquara e Franca, registraram grande alta do número de casos de dengue no mês de janeiro e São Joaquim da Barra confirmou a terceira morte por suspeita da doença.
O Aedes aegytpi se reproduz em água parada e uma fêmea pode dar origem a 1,5 mil mosquitos durante seu ciclo de vida. Segundo o secretário municipal da Saúde, as equipes de Vigilância Sanitária de Ribeirão Preto mantêm preocupação contínua contra o mosquito e desenvolvem ações de controle durante todo o ano.
“Com os altos índices registrados em municípios da região, é o momento de controlarmos a situação. São dois fatores importantes, um é a presença do mosquito, outro é o vírus circulando, devido ao fluxo migratório, que é inevitável. Então, prevenção é conseguirmos cuidar desses focos do mosquito e abaixar o número. Para isso, precisamos da população, não adianta apenas o poder público, é um esforço coletivo”, destaca.
Dentre as principais dificuldades encontradas pelas equipes de Vigilância no trabalho de combate aos criadouros estão os imóveis fechados; imóveis para aluguel/ venda; imóveis abandonados e imóveis de acumuladores, além da recusa de moradores e reposição imediata de criadouros eliminados. De acordo com o prefeito Duarte Nogueira, o município intensificará as ações públicas de combate aos criadouros, mas é preciso que a população se una à prefeitura para efetivar a eliminação de focos do Aedes aegypti.
“A limpeza pública é fundamental, assim como a participação da população. A parte de bloqueio já vem sendo feita pela Secretaria da Saúde com utilização de fumaça para combater o vetor nas áreas em que se identificou positivamente um caso de dengue. Vamos intensificar as ações para localização de áreas mais propícias, com pneu, ferro velho, e uma campanha nos meios de comunicação para sensibilizar a população a nos ajudar mais uma vez, tendo em vista que nos últimos dois anos foi essa ajuda que nos rendeu o êxito em não ter havido nenhum caso de morte por dengue em Ribeirão Preto”, conclui o chefe do Executivo.
Ribeirão Preto terminou 2018 com 246 os casos de dengue, número exatamente igual ao do período anterior. A quantidade de vítimas do Aedes aegypti nos dois períodos está entre as mais baixas registradas nos últimos doze anos. O segundo menor registro de casos foi em 2012, com 317 casos. Em 2014 foram 398 registros. Nos demais oito anos os casos confirmados foram superiores a mil, em alguns deles passando de dez mil registros, como em 2016 (de 35.043 casos), 2010 (de 29.637), 2011 (de 23.384) e 2013 (de 13.179).
A Secretaria Municipal da Saúde pede à população para não relaxar, evite água parada e elimine os criadouros do vetor, principalmente agora, quando começa a época das chuvas. Em 2018 foram 45 casos em janeiro, 37 em fevereiro, 28 em março, 42 em abril, 35 em maio, 17 em junho, onze em julho, cinco em agosto, um em setembro, seis em outubro, quatro em novembro e 15 em dezembro. Das 246 pessoas picadas pelo Aedes aegypti, 81 moram na Zona Leste, mais 64 na Oeste, 49 na Norte, 35 na Sul e 17 na Central. O total de casos de 2018 é 99,3% inferior do que os 35.043 de 2016, 34.797 a menos. A cidade também fechou 2018 com 1.492 notificações sob investigação.