Por Roberta Jansen
O Greenpeace pede a imediata suspensão das atividades nas 167 barragens de resíduos de mineração da Vale em operação em todo o País para evitar mais uma tragédia. “Será que todas elas também são bombas ativas que podem explodir a qualquer momento?”, questionou o geógrafo Marcelo Laterman, da campanha de Clima e Energia, da ONG, que está em Brumadinho, onde a barragem do Córrego do Feijão rompeu na última sexta-feira, deixando pelo menos 60 mortos.
“Pedimos que a operação dessas barragens seja paralisada imediatamente e que uma revisão de engenharia seja efetivamente executada, oferecendo segurança para as pessoas, o meio ambiente e a economia do País. Não podemos deixar todo um sistema nas mãos de uma empresa negligente e criminosa.”
O geólogo chama a atenção para o fato de que não se trata de um acidente pontual. “É um problema sistêmico de grandes empreendimentos em áreas sensíveis, que são aprovados sem precaução”, afirma. “A flexibilidade dos processos de licenciamento permitiu termos essas bombas. O que a gente percebe é que o licenciamento passou a ser um procedimento já ganho pelas empresas, para garantir a operação, e não uma forma de estabelecer medidas eficazes de mitigação de riscos ambientais e prevenção de acidentes, que seria o objetivo original.”
Laterman lembra que a Vale é reincidente, citando o caso de Mariana, há três anos, em que a barragem do Fundão entrou em colapso matando 19 pessoas e deixando mais de 300 desabrigadas. “A Vale não pode continuar operando nessas condições”, afirmou, lembrando que a barragem 6, em Brumadinho, estava sob o risco de se romper. “Precisamos paralisar todas as barragens, fazer um levantamento, uma análise por um corpo idôneo e independente, para interromper essa lógica da impunidade.”