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Cartografia e Literatura: Itinerários Pré-Históricos

Dentre os povos primitivos, à medida que aumentava a percepção do mundo que os rodeava, a técnica de desenhar o real e o imaginado se aperfei­çoava. Posteriormente, com a passagem do nomadismo para a vida sedentá­ria e para a criação de animais domésticos, grandes deslocamentos, seguindo o curso das estações para levar o gado às zonas de pastagem, se fizeram necessários, criando, nos mesmos, o desejo e a necessidade de traçar os itine­rários percorridos. O ganho que isto lhes trouxe? Desde conhecer melhor as rotas seguidas pelo gado até exercitar a caça e a pesca, passando pelo inter­câmbio necessário à subsistência. Mas, em especial, aperfeiçoar as descrições de caminhos comerciais, estratégicos e de caça, os quais, em situação de guerras com tribos vizinhas, muito os auxiliariam sobreviver. Compreender essa deficiente cultura cartográfica, segundo os etnólogos, é fundamental para compreender aquele período e seus progressos ao longo da história e, principalmente, povos que ainda hoje vivem em estado primitivo.

A técnica cartográfica, nos rudimentos do que a conhecemos hoje, alcan­çou, com os esquimós, o maior avanço registrado nos tempos primitivos: eram precisas na confecção e minuciosas nas informações e detalhes forneci­dos. De acordo com estudiosos, o mapa das ilhas Belcher, arquipélago situado junto à costa da península canadense de Quebec, era uma verdadeira carta marinha que trazia a representação de uma superfície superior a 2000 km2 , com destaque de todos os acidentes geográficos necessários serem conheci­dos para se efetivar uma boa navegação: costas, ilhas e estreitos. Ainda que valendo-se de processos gráficos rudimentares, seus autores, experienciados nos mares nórdicos , observaram a situação das ilhas e suas costas, anotan­do, com minúcias, tudo o que viam. Comparadas às informações obtidas posteriormente pelos serviços da Marinha Britânica, os mapas em madeira, realizados pelos esquimós a ponta de faca, verdadeiro entalhamento artístico, surpreendem em grau de exatidão e perfeição os dados da baía de Hudson.

Em sua maioria, os mapas esquimós se referem à Groenlândia e oferecem perspectivas extra­ordinárias das zonas representadas. Nos meados do século XIX, aborígenes das Ilhas Marshall cons­truíram cartas mari­nhas muito simples, confeccionadas com bambus entrecru­zados, aos quais se prendiam pedras de vários tamanhos. Sua simbologia? As pe­dras representavam as ilhas e as varetas, a direção das ondas nas vizinhanças do arquipélago, que muito influenciava a viabilidade de navegação entre as ilhas, bem como, quando em tamanhos di­versos, as distâncias entre uma ilha e outra. Levadas pelos nativos estendidas sobre a coberta da embarcação, mantinham a direção desta ao conservar o ângulo formado por esta coberta e a direção das cristas das ondas mais altas.

De utilização complexa, era um conhecimento que se repetia , com certa freqüência, em outros arquipélagos do Pacífico: no século XIX, um informe do capitão Charles Wilke, botânico e oficial da Marinha Americana, relata a destreza cartográfica e o sentido de orientação dos polinésios, verificados na rapidez que tinham em desenhar cartas cartográficas do local.

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