O espetáculo “Willi in propriedade” está de volta. O texto original da A Cia. A DitaCuja e Letícia Andrade, e tradução de Gabriela Lucenti, livremente inspirado em “Essa propriedade está condenada”, de Tennessee Williams (1911-1983), subverte o romance e conta histórias reais de prostitutas. A apresentação faz parte do projeto “Teatro de Quinta”, uma parceria de A Casa das Artes com o Armazém Baixada.
Será nesta quinta-feira, 24 de janeiro. O espaço cultural fica na rua Duque de Caxias nº 141, no Centro Velho de Ribeirão Preto. O espetáculo começa às 20 horas e não há cobrança de ingresso, mas a trupe vai “passar o chapéu” – contribui quem puder, democraticamente. Michelle Maria interpreta a personagem “Willi”. A direção e a cenografia são de Flávio Racy, com dramaturgia de Letícia Andrade e figurinos da atriz e Zezé Cherubini. Recomendado para maiores de 16 anos.
A peça conta a história da menina-mulher que caminha pelos trilhos do trem para sobreviver, e é resultado de pesquisa performática a partir da exposição do corpo da própria atriz e do compartilhamento de falas com as inúmeras mulheres “Willis” que flutuam com seus corpos nas ruas, sites e revistas. Brincando com suas lembranças e desejo, Willi se prepara para o trabalho. Passa a maquiagem, se veste e conta suas memórias de infância. Fala sobre seu ofício e, principalmente, sobre ser mulher. A menina cresceu sob os olhos da irmã mais velha, famosa entre os trabalhadores da ferrovia da pequena cidade e conheceu tudo sobre os homens que intentam essas mulheres procuradas e desejadas.
Em seu cotidiano de homens que vem e vão, intensos ou repulsivos, sempre diversos e nunca presentes, Willi observa o futuro e se revela. Essa passagem pelos trilhos da sua história usa como pano de fundo um dos ofícios mais antigos “oferecidos” às mulheres, para trazer uma reflexão sobre a mulher na história, seus tormentos e seus alentos, e a necessidade de perceber a posição em que se encontra entre o ser Willi e ser mulher, um meio fio entre o “bom” e o “mal” comportamento, o “permitido e o “não permitido”, o “ser” e o “não dever ser”.
“Fizemos estudos e experimentações sobre o texto durante um ano e levamos outros cinco meses realizando pesquisas e vivências sobre a mulher na história e os aspectos da vida de mulheres profissionais do sexo que atuam nas ruas, nas boates e na internet. Foi a base para a criação da menina-mulher Willi e concepção do espetáculo”, explica a atriz Michelle Maria, que dá vida à garota.