Cesare Battisti chegou ao presídio de Oristano, na região da Sardenha, na Itália, onde irá cumprir sua pena de prisão perpétua, às 17h25 desta segunda-feira (14), no horário local. Segundo informações do jornal Corriere Della Sera, a prisão foi aberta em 2012 e abriga 266 detentos, quase todos condenados por crimes comuns. Do total, 85% estão submetidos ao regime de segurança máxima. Nunca houve casos de fuga.
Preso na Bolívia no último sábado (12), o italiano iria, inicialmente, à prisão de Rebibbia, na zona urbana de Roma, mas, por questões de segurança, o governo da Itália decidiu levar Battisti para Oristano. O jatinho da Itália, que partiu no início da noite do domingo (13), de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, pousou no Aeroporto de Ciampino, em Roma. Battisti e sua escolta era aguardados pelos ministros Matteo Salvini, do Interior, e Alfonso Bonafede, da Justiça.
Battisti foi sentenciado na Itália por quatro assassinatos nos anos 1970. Durante muitos anos ele ficou no Brasil, na condição de refugiado por ato do ex -presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em dezembro, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou prender Battisti. Ele fugiu para a Bolívia, onde foi capturado sábado.
Battisti desembarcou ontem na Itália aparentando tranquilidade e como se não estivesse sendo levado para a prisão depois de 40 anos como fugitivo, de acordo com a imprensa do país. O jornal La Repubblica reproduziu as primeiras palavras de Battisti em solo italiano: “Agora sei que vou para a prisão”. Ele sempre negou ter cometido os crimes que lhe são imputados.
De acordo com o jornal italiano, Battisti também aparentou serenidade durante o voo, “sem sinais de desespero apesar de esperar pela prisão perpétua”. Falou sobre a vida e também sobre a fuga do Brasil para a Bolívia depois que o ministro Luiz Fux suspendeu a liminar que impedia a prisão de Battisti no País. Battisti dormiu durante muito tempo no voo até a Itália.
O jornal Corriere della Sera informou que ele deverá ficar sozinho na cela, em uma área de segurança reservada para terroristas, e passará por seis meses de isolamento diurno. Battisti deixou seu país depois de ser condenado por quatro assassinatos cometidos entre 1977 e 1979. Na Itália, foi primeiramente condenado por participação em bando armado e ocultação de armas a doze anos e dez meses de prisão em 1981.
Mais de uma década depois, em 1993, teve a prisão perpétua decretada pela Justiça de Milão, em razão de quatro homicídios considerados hediondos contra um guarda carcerário, um agente de polícia, um militante neofascista e um joalheiro. Após idas e vindas por França e México entre 1981 e 2004, chegou ao Brasil e foi preso em 2007. No último dia de seu segundo mandato, no entanto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu asilo político para o italiano e impediu sua extradição.