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Pobre Ribeirão Preto I – As águas

Eu acredito que deva começar esta crônica com uma frase de um dos grandes poetas nossos, Mário Quintana:

“O SEGREDO NÃO É CORRER ATRÁS DAS BOR­BOLETAS… É CUIDAR DO JARDIM PARA QUE ELAS VENHAM A VOCÊ!”

Tenho sido instado por diversas vezes pela mídia eletrô­nica a prestar depoimento a respeito da situação sanitária das margens e da qualidade da água de importantes cursos hídri­cos que atravessam nosso município, seja no setor urbano, ou no tão esquecido setor rural.

Bastam alguns passos próximos à nascente do córrego do “Tanquinho”, ou estar no que restou da transição da Mata Atlântica do córrego Retiro Saudoso, para verificar o estado de degradação que ambos, juntos ao córrego do Jardim Cali­fórnia e outros tantos aqui existentes.

Se de um lado, nas margens, encontramos toda a sorte de resíduos sólidos, (traduza-se lixo), incluindo até carcaça de animais domésticos e entulho da construção civil, o que representa a falta de civilidade da população, que deveria ter apenas um pouco de educação, de outro lado, as águas dos córregos são um esgoto a céu aberto, sem exceção, traduzindo a clandestinidade do lançamento de dejetos, a ausência de responsabilidade daqueles que os lançam e daqueles que deveriam evitar que tal ocorresse.

A Lagoinha, bairro onde há nascentes do córrego do “Tanqui­nho”, tem esse nome por motivos outrora óbvios. Onde se situa a Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais – CBRN, órgão fiscalizador do setor ambiental do Estado de São Paulo atual­mente? Na rua João Bim, outrora, este córrego “transitava” livre­mente! Hoje é uma vala onde há tráfego de esgoto a céu aberto.

O ribeirão Preto, curso d’água que deu o nome ao nosso muni­cípio, outrora piscoso, serve de tributo ao lançamento de esgoto “in natura” a partir de Cravinhos, onde se encontram suas nascentes, apesar de lá haver uma estação de tratamento de esgoto, perpassan­do por meandros de pocilgas em seu hoje triste caminho, recebendo toda a sorte de tributários que a ele levam esgoto, simplesmente esgoto, até, quase terminar suas andanças pela terra roxa, recebe a descarga da Estação de Tratamento de Esgoto de Ribeirão Preto, indo morrer no nosso Rio Pardo.

Fosse eu contar a história dos nossos cursos d’água, não verteria lágrimas e, isto, sim, lançaria ao espaço um pedido de socorro.

Fosse eu contar a hisstória de nossos cursos d’água, lembraria mais uma vez Mário Quintana, não correndo atrás das borboletas, no entanto cuidando do jardim para que elas venham até mim.

Deixando minha poesia “quintanesca” de lado, e com ela as borboletas da vida, se bem que delas necessito, lanço um desafio: o segredo não é correr atrás de absolutamente nada; é trazer um choque de gestão ambiental que tudo irá se resolver.

Com a palavra, as autoridades! Todas elas.

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