Tribuna Ribeirão
Política

Doria cancela R$ 158 mi em convênios de França

GOVERNO DO ESTADO DE SP

O governador João Doria (PSDB) cancelou 62 acordos que previam a transferência de R$ 157,9 milhões de recursos do Es­tado para obras em 48 municípios paulistas assinados pelo ex-gover­nador Márcio França (PSB) com prefeituras paulistas nos últimos 15 dias de governo. Entre as ci­dades mais afetadas pela medida está São Vicente, berço político de França. O município do lito­ral sul perdeu cinco convênios que somavam R$ 47,7 milhões em obras de infraestrutura, reur­banização de praça e reforma de um ginásio. As medidas foram publicadas nas edições de sábado, 5 de janeiro e de terça-feira, dia 8, no Diário Oficial do Estado pelo secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi.

Administrada por Pedro Gouvêa (MDB), cunhado de França, São Vicente não foi a úni­ca cidade comandada por um aliado do ex-governador que viu seus convênios rescindidos por Doria. Guarulhos, por exemplo, do prefeito Guti (PSB), também perdeu dois convênios de R$ 10 milhões para obras de infraestru­tura. Já Santos, administrada por Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), um dos tucanos que apoiou Fran­ça em vez de Doria na eleição ao governo, perdeu R$ 14 milhões em convênios.

Na lista está também o muni­cípio de Artur Nogueira, na região de Campinas, que perdeu um con­vênio de R$ 2 milhões que havia sido assinado pelo governo Fran­ça no dia 27 de dezembro, quatro dias antes de ele deixar o Palácio dos Bandeirantes. O prefeito de Artur Nogueira, Ivan Vicensotti, trocou o PSDB no ano passado pelo PSB de França, após rom­per com o grupo político do presidente da Assembleia Legis­lativa, Cauê Macris (PSDB), e de seu pai, o deputado federal Van­derlei Macris (PSDB), ambos aliados de Doria.

Segundo o secretário Marco Vinholi, responsável pelas resci­sões, os convênios foram cance­lados porque “não tinham plano de trabalho e nem previsão or­çamentária”. Ele ainda afirmou que França adotou critério “estri­tamente político” para firmar os repasses. A equipe do ex-gover­nador rebateu o governo Doria dizendo que todos os convênios assinados tinham planos de tra­balho a recursos previstos no Or­çamento do Estado e que foi o tu­cano quem usou “viés político” ao cancelar contratos de prefeitos que apoiaram o socialista na eleição.

Em nota, a assessoria de Fran­ça afirmou que “os convênios assi­nados com os municípios não têm viés político” e “foram aprovados pela Procuradoria-Geral do Es­tado e pelo Planejamento” Ainda segundo o ex-governador, “todos têm previsão legal no Orçamento aprovado pela Assembleia Legis­lativa” e que “em muitas cidades as obras já estão em andamento”.

“Quando o governador Már­cio França assumiu, em abril de 2018, deu continuidade a mais de 1.800 convênios firmados pelo en­tão governador Geraldo Alckmin. A ameaça de romper convênios cria insegurança jurídica e inú­meros problemas aos milhões de paulistas que vivem nas cidades que firmaram convênios com o Estado”, afirma a nota.

O ex-governador afirmou ainda que alguns dos convênios, como com os municípios de Gua­rulhos e São Vicente, foram assi­nados como “contrapartida” do governo no acordo em que as Pre­feituras passaram a gestão da rede de abastecimento de água e coleta de esgoto à Sabesp, estatal paulista.

” Isto é, (as cidades) concede­ram um ativo, que dará lucro a uma empresa. Como compensa­ção, a própria Sabesp recomen­dou ao governo ajuda a estes mu­nicípios, caso de Guarulhos, São Vicente, entre outros. Tais cidades, por conta das obras de sanea­mento e fornecimento de água, terão que dispor de recursos para recape e pavimentação de ruas e avenidas. Os convênios vêm para suprir estas necessidades de inves­timentos”, conclui.

Segundo a equipe de França, desde abril, quando ele assumiu o governo após a renúncia de Geral­do Alckmin (PSDB), mais de 400 convênios foram assinados com prefeituras paulistas, totalizando mais de R$ 500 milhões em re­cursos do Estado repassados aos municípios. Ao menos 165 acor­dos foram feitos com gestões do PSDB, DEM e PSD, partidos da coligação que elegeu Doria.

Doria esteve na região nesta terça-feira (8). Em sua primeira visita oficial ao interior de São Paulo, em Barretos, o governa­dor autorizou os estudos para a inclusão do Aeroporto Munici­pal Chafei Amsei no Programa Estadual de Privatização dos Aeroportos do Governo do Es­tado de São Paulo. Os projetos serão desenvolvidos pela Agên­cia Reguladora de Transportes (Artesp) e pelo Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp).

Os dois órgãos irão elaborar estudos de viabilidade técnica e econômica do aeroporto, que hoje tem foco na aviação geral (executi­va e táxi aéreo). É um importante aeródromo na região de Barretos, já que atende a área de saúde, es­pecialmente pacientes que bus­cam tratamento no “Hospital de Amor”, o agronegócio e o turismo impulsionado pela Festa do Peão. “Temos 20 aeroportos que serão repassados à iniciativa privada em regime de concessão. Já orien­tamos a equipe para preparar a concessão de todos os aeroportos, dentre os quais está o de Barretos”, destaca o tucano.

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