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Aos 38 anos Nicholas Santos mira Tóquio 2020

Nicholas Santos é fisiote­rapeuta com MBA em gestão empresarial. Hoje, é sócio em uma consultoria de capacita­ção de profissionais de educa­ção física. Gosta de passar os fins de semana com a família, mesmo que as noites de sono sejam curtas depois que o filho, também Nicholas, nasceu há dois anos. Aos 38 anos, o cabe­lo cortado rente não esconde a calvície que está chegando. Para descrever Nicholas tam­bém é preciso citar que ele é o nadador mais velho a conquis­tar uma medalha em campeo­natos mundiais de natação.

Na semana passada, o veterano se sagrou bicam­peão mundial e recordista dos 50 metros borboleta no Mundial de piscina curta (25 metros) em Hangzhou, na China. Com o 21s81, ele não entortou apenas as noções do tempo, vencendo os mais jo­vens. Ganhou de atletas muito talentosos, como o sul-afri­cano Chad le Clos, campeão olímpico em 2012 ao derrotar o norte-americano Michael Phelps nos 200 metros borbo­leta em Londres.

Nicholas caiu na água duas vezes em 40 minutos para con­quistar dois pódios. Além dos 50 metros borboleta, também ajudou o revezamento 4×50 metros medley masculino a levar o bronze. “Acho que po­deria ser mais rápido se não fosse o revezamento”, disse o nadador à reportagem do Esta­do. A maneira como o atleta da Unisanta (Universidade Santa Cecília, em Santos) conseguiu a façanha é uma longa história, que inclui um equilíbrio inveja­do entre corpo e mente.

A primeira providência foi reconhecer a limitação da ida­de. Aquele diploma de fisiote­rapia faz com que ele use seus conhecimentos em seu próprio benefício. Seus treinos são mais curtos. Há 10 anos, costumava nadar cerca de 10 mil metros por dia. Hoje faz três mil. Para suportar as dores, companhei­ras do dia a dia, ele faz pilates, massagens e usa aparelhos de recuperação muscular.

Ele treina bastante o ritmo de prova e a técnica. A mus­culação é pesada e com pouco tempo de descanso. Por causa da idade, o repouso excessivo significa perda de massa mus­cular. Nada de refrigerantes, leite (e todos seus derivados) ou glúten. O atleta tem, em mé­dia, 6% de gordura.
Por fim, centrou foco em uma prova rápida que, se­gundo ele, não traz uma fa­tura muito alta no quesito resistência. “Por ser formado em fisioterapia, estar em uma empresa de treinamento, em contato com os maiores pro­fissionais na área de treina­mento e educação física, hoje entendo melhor o que meu corpo precisa para nadar bem”, afirmou.

A cabeça também merece cuidados especiais. Nicho­las trata de traçar objetivos bem claros e correr atrás, ou melhor, nadar atrás deles. O próximo já está definido. Ba­ter o recorde no Campeonato Mundial de piscina longa, de 50 metros, onde ele tentará conquistar a medalha que lhe falta nos 50 metros borboleta: o ouro que escapou em Kazan (2015) e Budapeste (2017)
“Gosto de malhar e de treinar muito. É cansativo, doloroso, estressante, mas não é difícil. Administro le­sões que eventualmente aca­bo tendo. Competir é fácil, o difícil é a rotina do dia a dia”, explicou.

Na próxima Olimpíada, em 2020, no Japão, Nicholas será um quarentão enxuto que vai se concentrar nos 100 metros borboleta – a prova dos 50 metros não faz parte do programa olímpico. Ou­tro desafio é fazer o pequeno Nicholas dormir. O herdeiro dá trabalho mesmo depois da escolinha. De natação.

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