Maria Ysabelle e Maria Ysadora, de 2 anos, gêmeas siamesas que nasceram unidas pela cabeça, deixaram o o HC Criança, unidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HC-FMRP/USP), por volta das 11h30 desta sexta-feira, 7 de dezembro. Elas vão passar as festas (Natal e Ano-Novo) em Patacas, distrito de Aquiraz, distante 35 quilômetros de Fortaleza, no Ceará, onde nasceram, mas retornarão em janeiro para o período de reabilitação, que deve durar um ano.
As duas passaram por operações reparadoras entre 22 de novembro e quinta-feira (6) e estão muito bem, segundo a equipe médica do HC. Os pais Diego Freitas Farias e Débora de Freitas não escondem a emoção de poder voltar para a terra natal e apresentar a crianças aos familiares. As duas foram separadas já pouco mais de um mês depois de uma série de cinco cirurgias que começou em fevereiro. A separação definitiva ocorreu em 27 de outubro. As duas irmãs têm desenvolvimento normal, como qualquer criança da idade delas, estão aprendendo a falar, brincam juntas e até já ficam sentadas para se alimentar.
Todo o processo de separação das meninas é custeado pelo Sistema Unificado de Saúde (SUS). Nos Estados Unidos, uma cirurgia de separação como a delas custa cerca de R$ 9 milhões. A equipe que participou da cirurgia de separação foi composta por neurocirurgiões, cirurgiões plásticos, neuroradiologistas, anestesistas, pediatras intensivistas e enfermeiros – foram homenageados pelo prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) e pela Câmara de Vereadores. Comandado pelo professor chefe do Departamento de Neurocirurgia Pediátrica, Hélio Rubens Machado, o procedimento foi dividido em cinco etapas para que pudesse ser concretizado.
A primeira operação ocorreu em 17 de fevereiro e durou cerca de sete horas. A segunda cirurgia, em 19 de maio, teve duração de oito horas. A terceira cirurgia ocorreu em 3 de agosto e se estendeu por oito horas. A quarta cirurgia aconteceu em 24 de agosto, quando os médicos implantaram expansores subcutâneos para dar elasticidade à pele e garantir que, na separação total de corpos houvesse tecido suficiente para cobrir os dois crânios. A última levou mais de 20 horas.