Vencedor do prêmio de melhor direção e melhor montagem no Festival de Cinema de Gramado, “A Voz do Silêncio” estreia em Ribeirão Preto, Natal (RN) e Belém (PA) nesta quinta-feira, 6 de dezembro, no Cinépol.is do Shopping Santa Úrsula (rua São José, nº 933, Centro). A produção baseia-se em experiências reais da vida do diretor André Ristum. No filme, um olhar atento varre a cidade grande e suas pessoas anônimas, que vivem em tensão pela sobrevivência, resignados com seus próprios destinos. Um eclipse lunar pontua as mudanças nas vidas dessas pessoas, que compõem um mosaico da cidade.
Segundo o diretor André Ristum, “a vida, sob vários aspectos, é a grande protagonista de ‘A Voz do Silêncio’. O longa-metragem usa uma estrutura montada em cima de várias personagens, entrelaçando suas histórias ao longo da narrativa, e tem como foco as relações humanas sob a influência exercida pela cidade grande, considerando sempre o núcleo familiar como eixo central”, diz.
“Na montagem, planos longos permitem uma observação mais profunda das relações, possibilitando o desenvolvimento do trabalho dos atores e a consistência dos personagens. A música não entra para pontuar emoções ou situações, mas apenas faz parte da vida das pessoas na grande metrópole. O longa não pretende trazer conclusões, mas aponta caminhos para abrir uma discussão sobre os valores existentes na sociedade atual”, emenda.
“A Voz do Silêncio” fez sua estreia na competição oficial do Festival de Málaga 2018 e abriu o Festival de Tucuman, na Argentina, onde foi lançado comercialmente em junho. O filme participou da 42ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo e será exibido hors concours na Première Brasil/ Festival do evento. No elenco estão Marieta Severo, Ricardo Merkin, Arlindo Lopes, Claudio Jaborandy, Stephanie de Jongh, Marat Descartes, Tássia Cabanas, Nicola Siri, Marina Glezer e Enzo Barone, além das participações especiais de Milhem Cortaz e Augusto Madeira.
Sinopse
O passar dos anos é impiedoso para todos. No filme, sete personagens aparentemente comuns conduzem suas vidas buscando, cada um, aquilo que acredita lhe trazer satisfação pessoal. Mas, mesmo com vidas distintas e distantes, eles se aproximam pela maneira como orientam suas existências com base em preocupações mundanas. Na trama, um grupo de solitários profissionais traduz os conflitos cotidianos de uma grande metrópole em meio a um eclipse lunar.
Marieta Severo é um dos eixos centrais do longa, na pele de uma mãe com relações tortuosas com seus dois filhos, vividos por Stephanie de Jongh e Arlindo Lopes. A mãe passa seus dias trancada dentro de casa, sem ânimo nem mesmo para ir a um médico para verificar a ferida que carrega no meio da perna. A filha ganha a vida fazendo strip-tease em uma boate decadente, quando seu sonho mesmo era cantar.
O filho foi embora, trabalha como atendente de telemarketing e manda postais para a família de diversos lugares do mundo, inventando uma fantasia que só a mais cega acreditaria. O pai trabalha numa rádio, relembrando antigos clássicos, enquanto está começando a esquecer do óbvio. Ao mesmo tempo, vai sendo esquecido, seja pela menina que não mais tem tempo para ele, ou pelo neto, que fará de tudo para não o perder da memória.
Naquele prédio, trabalha como porteiro o homem que não desistiu. Na correria de um lado para outro, está sempre atrasado – tanto no horário, como na própria idade. A dupla jornada segue até à noite, se virando como sushiman, tendo que lidar com o patrão grosseiro e com clientes solitários da madrugada, como as filhas da mãe e do pai.
André Ristum
André Ristum começou a trabalhar com cinema em 1991. Trabalhou como assistente de direção em vários filmes, entre os quais “Beleza roubada (1995)”, de Bernardo Bertolucci. Estudou cinema na NYU-SCE em 1997. Desde 1998 dirigiu vários projetos premiados, entre os quais os curtas-metragens “De Glauber para Jirges”, selecionado para o Festival de Veneza de 2005, e “14 Bis”, curta que celebra o centenário do primeiro voo da história da aviação em homenagem a Santos Dumont.
Em 2004 lançou seu primeiro documentário, “Tempo de Resistência (2004)” – baseado no livro homônimo do advogado e ex-vereador de Ribeirão Preto, Leopoldo Paulino – e em 2011 lançou “Meu País”, seu primeiro longa-metragem de ficção, que recebeu seis prêmios no Festival de Brasília e foi escolhido como melhor filme do ano no prêmio Sesi-Fiesp 2012.
Em 2016 lançou seu segundo longa de ficção, “O outro lado do paraíso”, que participou e foi premiado em vários festivais no Brasil e no mundo, como Guadalajara, Lima, Havana, Trieste, Lleida, Santander, Gramado e Rio de Janeiro. “A Voz do Silêncio” é seu terceiro longa de ficção.