Tribuna Ribeirão
Artigos

O ‘presidente das barganhas’

No calar da noite do último dia 26 de novembro, o pre­sidente Michel Temer sancionou o reajuste salarial para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que passarão a receber R$ 39.200,00 mensais ante os R$ 33.700,00 atuais. O valor é também a referência para o teto do funcionalismo público. Esse aumento de 16,38% foi aprovado emergencial­mente pelo Senado no dia 7 de novembro.

Dessa vez, o “presidente das barganhas” sancionou o reajuste mediante acordo feito com o Supremo para que o ministro Luiz Fux revogasse as liminares que garantiam o auxílio-moradia a juízes e procuradores de todo o País, com a desculpa de não impactar as contas públicas. Ora, quanto sofisma! Temer coloca no colo do novo Governo e sobre os ombros de todos os brasileiros uma conta de nada menos do que R$ 4,1 bilhões, em razão do efeito cascata em Estados.

Os nobres ministros do STF certamente merecem ser valorizados e muito bem remunerados, bem como todo o funcionalismo público. Já se os serviços que prestam à Nação satisfazem ou não os que pagam seus generosos salários, seria assunto para outro artigo. O que se sabe, é que os brasilei­ros aguardavam o veto do “presidente das barganhas!” Ao invés de elevar os já altos salários dos ministros do STF, teria sido muito mais nobre rever os salários dos professores, por exemplo!

Nos últimos quatro anos, por conta da Lava Jato, ouvimos citados mais de 300 homens e mulheres públicos, tanto polí­ticos, quanto empreiteiros, dos mais insignificantes aos mais distintos e destacados, envolvidos em escândalos de corrup­ção. O próprio “presidente das barganhas” negociou quantas vezes com o Congresso, o adiamento de denúncias bastante contundentes de seu envolvimento “criminoso” em desvio de verbas, finalidades, sem falar das malas e caixas de milhões de reais e dólares?

Uns roubam pelas cuecas e outros alugam apartamentos para alojar milhões de presentinhos em reais, dólares e euros! A pergunta que não quer calar: quando devolverão o rombo? Percebe-se que a classe política, em sua grande maioria, e o “presidente das barganhas” não foge à regra, deixam o povo falando sozinho, lhe viram as costas, cuidam tão somente de seus próprios interesses e fazem de tudo para não perderem seu “metro quadrado” no mundo hostil que se tornou o siste­ma da coisa pública.

Sinto que o povo brasileiro cansou da vitimização elenca­da para tentar justificar o injustificável, quando a apequenada defesa de Lula acusa a Justiça de perseguir politicamente o coitadinho. Porém o mesmo povo já não aguenta mais “pagar a conta” que nossos políticos, desde o “presidente das barga­nhas” aos homens do Congresso Nacional, gastam desorde­nadamente, insistindo em “tapar o sol com a peneira”, tra­tando seus eleitores como se não tivessem cérebro. Sem falar sobre as inúmeras investidas seja do Poder Executivo como também do Poder Legislativo contra a magnífica Operação da Lava Jato, que busca incansavelmente dirimir a impunidade dos crimes do chamado “colarinho branco”. Haja paciência!

Postagens relacionadas

Qual é a estratégia pós-pandemia?

Redação 1

Talvez a última entrevista de Mario Zan

Redação 1

Os desafios de mensurar a dor (7)

Redação 1

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com