Inúmeros estudos têm revelado que a habilidade cognitiva geral, ou inteligência, correlaciona-se com o desempenho tanto em tarefas cognitivas quanto em atividades complexas, tais como tocar música, jogar xadrez e vídeo games. Nas duas últimas décadas, pesquisadores têm extensivamente investigado os efeitos do engajamento nos programas de treinamento cognitivo e das atividades intelectualmente demandantes sobre a inteligência.
Vários pesquisadores independentes têm mostrado que a variabilidade entre os estudos pode ser explicada pela qualidade do delineamento experimental e artefatos estatísticos. Aqueles estudos, incluindo amostras muito grandes e grupos controles ativo freqüentemente encontraram que não há efeitos relacionados ao treinamento cognitivo, ou cerebral. Em outras palavras, os estudos mostraram que praticar programas de treinamento cognitivo ou se envolver em atividades intelectualmente demandantes não enriquece a habilidade cognitiva geral ou qualquer habilidade cognitiva. No melhor, tais intervenções melhoram apenas o desempenho em tarefas similares àquelas treinadas.
Devido às suas implicações teóricas e sociais, treinamento cognitivo tem sido um dos tópicos mais influentes em psicologia e neurociência. A suposição subjacente ao treinamento cognitivo é que a habilidade cognitiva geral, ou inteligência, pode ser enriquecida praticando-se tarefas cognitivas ou atividades intelectualmente demandantes, como por exemplo, jogar xadrez.
Assim considerando, cabe perguntar: o xadrez produz benefícios para a habilidade cognitiva geral, ou inteligência? Será que melhora, realmente, nossa capacidade para enfrentar e solucionar problemas, bem como, promove o ajustamento pessoal, social e acadêmico das crianças e adolescentes? Há, atualmente, muitos estudos e experiências tanto no domínio educacional quanto no esportivo que têm investigado o enriquecimento intelectual e sócio-emocional das crianças em fase escolar.
A relação entre processos mentais usados pelos enxadristas e processos mentais desempenhados por um cientista em busca de solução para um problema é muito similar. Supõe-se que o método científico é similar ao esquema usado pelo enxadrista para analisar a posição e o movimento do adversário: análise e pesquisa, cálculo, avaliação, seleção e decisão. Ademais, processos intelectuais, tais como, atenção, memória, concentração, criatividade e raciocínio, entre outros, são estimulados e fomentados na prática do xadrez. Isto porque jogar xadrez requer pensamento rigoroso, o qual deve combinado com grande habilidade mental para ser efetiva.