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PPP do bosque atrai uma proposta

A prefeitura de Ribeirão Pre­to recebeu apenas uma proposta de entidade interessada em re­alizar estudo de viabilidade de Parceria Público-Privada (PPP) para administração do Bosque e Zoológico Municipal Doutor Fábio de Sá Barreto. O prazo para adesão ao Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) expirou na última segunda-feira, 26 de novembro, quando ven­ceu o período de 30 dias a partir da publicação do edital de cha­mamento no Diário Oficial do Município (DOM) – o Morro do São Bento, área de preserva­ção ambiental (APP), não está no projeto.

Agora, a Comissão de Lici­tações da Secretaria Municipal da Administração vai analisar a proposta e, caso seja considerada viável e o proponente apresente a documentação exigida no edital, serão iniciados os estudos e levan­tamentos sobre o Bosque e Zo­ológico Fábio Barreto. Somente depois deste trâmite será definida uma proposta de PPP para o espa­ço. O prazo para esta apresentação será de 60 dias depois de a entida­de interessada receber aval da pre­feitura para iniciar a pesquisa.

Depois da apresentação dos estudos e das propostas, uma co­missão da prefeitura formada por técnicos das áreas envolvidas fará a análise de cada um dos pro­jetos e verificará quais atendem aos requisitos formais, técnicos e jurídicos estabelecidas pela legis­lação que regulamenta as PPPs. Também será considerado se as propostas apresentadas atendem à legislação e às diretrizes estabe­lecidas pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema), além do aspecto fi­nanceiro, ou seja, se a parceria é economicamente interessante para a cidade.

Por ainda depender de estudo, não é possível afirmar o que pode­rá integrar a PPP, mas ela pode ser feita de forma global e, neste caso, poderia haver, por exemplo, a co­brança de ingresso dos visitantes. Se for considerado viável e inte­ressar ao município, o programa deverá passar pela análise e vota­ção na Câmara de Vereadores. O Bosque Fábio Barreto recebe cerca de 25 mil pessoas por mês – mais de mil por dia, já que não abre às segundas e terças-feiras –, e a en­trada é franca, mas com a PPP a empresa poderá cobrar ingresso, dependendo do modelo de parce­ria a ser firmada.

Com 900 animais de 119 es­pécies sob seus cuidados. o Bos­que Municipal está localizado no Parque Municipal Morro do São Bento, um espaço de lazer com 250.880 metros quadrados de muita área verde com Jardim Japonês, lagos, flores, quiosques, pontes, alamedas para caminha­das e um mirante de 45 metros de altura. Quarenta e cinco espécies estão ameaçadas de extinção.

No local existem 30 espécies de primatas, felinos e roedores, entre eles pumas, onças, capivaras, cervos, antas, saguis, micos raros e os divertidos macacos-prego. No setor de répteis faz sucesso o Terrário com suas serpentes peço­nhentas e não peçonhentas (sem veneno) e lagos com tartarugas, lagartos e jacarés em extinção, como o jacaré-de-papo-amarelo. Já no Aquário existem peixes bra­sileiros de várias espécies, raias e lontras. Também há aves de todos os tipos, como araras e tucanos.

Condema não descarta ação
O Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente de Ribeirão Preto (Condema) vai discutir, na próxima reunião plenária, marcada para 12 de dezembro, quais medidas serão adotadas em relação ao edital de chama­mento para viabilizar uma Parceria Público-Privada (PPP) para o Bosque e Zoológico Municipal Doutor Fábio de Sá Barreto, segundo a vice-presidente e conselheira Simone Kandratavicius. A conselheira, que também é diretora da Associação Cultural e Ecológica Pau-Brasil, garante que o Condema não ainda definiu se a proposta é boa ou ruim para a cidade e que o tema será discutido na reunião. Ela destaca, porém, que o bosque está em área de preservação ambiental e antes de dar início ao processo, a prefeitura deveria, até por força legal, ter consultado o conselho. “Somos um órgão deliberativo e teríamos que ter participado deste processo desde o início”, afirma Simone Kandratavicius. A vice-presidente do Conde­ma avisa ainda que, caso os conselheiros decidam na reunião plenária que a PPP não é satisfatória para o município, a PPP pode virar alvo de uma ação judicial para tentar cancelar o chamamento público. Simone Kandratavicius entende que o Executivo inverteu o processo. Segun­do ela, cabe ao município definir o que pretende fazer em relação à área de preservação para, a partir daí, buscar na sociedade civil quem tem interesse em viabilizar estas propostas.
“E não fazer o inverso e deixar a iniciativa privada dizer e definir o que deve ser feito”, completa. Interdição – Todo o complexo do Morro do São Bento já foi interditado no ano passado em função de uma liminar do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), em ação conjunta do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) e da Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo. Na época foi constatado que o local possuía diversas edifica­ções que não tinham Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) apesar de receberem grande fluxo de pessoas diariamente. O complexo é formado pelo Bosque Fábio Barreto, Teatro de Arena Jaime Zeiger, Teatro Municipal, Sete Capelas, Cava do Bosque e a Secretaria de Cultura.
Atualmente, segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, os problemas em relação aos espaços subordinados àquela pasta foram solu­cionados. O Gaema também cobra a apresentação de um Plano de Manejo, mas, segundo publicação no Diário Oficial do Município de 29 de outubro, a pasta prorrogou o prazo para conclusão em 180 dias (seis meses). Nas décadas de 1980 e 1990, um restaurante atendia dentro do Bosque Fábio Barreto. Havia música ao vivo dentro do zoológico, compartilhando a área com centenas de bichos. Inaugurado nos anos 1950, o JR ganhou o noticiário quando defensores dos direitos dos animais iniciaram uma mobilização para fechar o estabelecimento. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) obrigou uma ampla reforma para adequação e o fechamento do restaurante. As obras foram realizadas em 1997. O local ficou sete meses fechado.

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