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O que os artistas pedem num show

Artistas e suas manias… É normal o contratante perguntar a um cantor ou cantora o que querem no camarim no dia do show, por isso revelo hoje o pedido de alguns e o trabalho que eles deram para as equipes de produção. Tem gente que mantém a simplicidade, outros aproveitam para massagear o ego e outras “cositas más”. E dá-lhe listas! Fiquei de cara com certas exigências e com a trabalheira que deu para atender aos desejos dos famosos.

Ed Mota, aquele artista que ficou conhecido nacionalmen­te por ser sobrinho do Tim Maia – admito que é um talentoso músico, além de saber cantar, mas um de seus pedidos deixou a produção aqui em Ribeirão Preto muito cabreira. Ele pediu 24 latinhas de cerveja, sendo de 12 marcas diferentes, tinha que ser duas de cada marca. Nisso ele foi taxativo e a equipe teve que “se virar nos 30” para atender ao cantor.

Algumas marcas nem existiam ainda aqui em Ribeirão Preto, pois eram cervejas de vários países deste nosso mun­dão. Foram até Sampa garimpar, deu o maior trampo, mas conseguiram. No dia do show, todo mundo ficou de butuca pra ver se ele tomaria as 24 latinhas. Ed Mota chegou e, logo de cara, perguntou sobre as cervejas.

Alguém da produção disse a ele: “Ed, só falta colocar no gelo”. Mais do que depressa, o artista falou: “Não, gelo não. chegando ao Rio tomo uma de cada marca, a outra vai pra minha coleção”. Tratou logo de mandar alguém colocar as latinhas na van… Todos ficaram indignados.

Jorge Ben Jor, que antes era só Jorge Ben – teve que mudar de nome porque seus direitos autorais no exterior estavam indo para o cantor americano George Benson –, pediu, em um show na Feira Nacional do Livro, duas cestas de frutas. Foi uma batalha para atendê-lo, também pela dificuldade de se conseguir tais raridades. A equipe nem conhecia algumas das frutas. Pois bem. Ele chegou, pegou as cestas e levou-as pra van. Se comeu, ninguém ficou sabendo.

Elba Ramalho também pediu cestas de frutas diversas, mas sem muitas exigências. As frutas ficaram no camarim, nem ela nem ninguém da equipe tocou nas delícias, acabou seu elétrico show e se mandou. Leila Pinheiro fez de tudo para que meu amigo Jota Silva a contratasse para um show no Theatro Pedro II. Seria piano e voz.

Contrato assinado, vieram as exigências. Disse que não tocaria sem o seu piano que estava no Rio de Janeiro. Jota Silva tentou convencê-la a tocar no piano do teatro, que é show de bola, e que dias antes o maestro João Carlos Martins adorou ter colocado suas mãos nele e até o homenageou. Ela foi irredutível, “sem meu piano não faço o show”. Jota teve que gastar uma grana para buscar o tal piano, nessa ele levou tinta, tomou o maior prejú, e o nome da artista não atraiu o público que o produtor esperava.

Milton Nascimento foi a maior simplicidade, nada pediu a não ser água, até a toalha ele trouxe e fez um show mara­vilhoso. Chegamos ao show de Rita Lee, também na Feira do Livro. Entre várias coisas, ela pediu 300 toalhas pequenas brancas – e tinha que ser da mesma marca.
A produção até brincou: pra quem foi até Sampa atrás de cervejas, toalha vai ser moleza. Ledo engano. Saíram de loja em loja, as marcas variavam e não havia de um só tipo na quantidade pedida. Tiveram que pedir mais nas filiais até completar 300. No dia do show, Rita Lee jogou todas para o público.

Tem muito mais, mas conto noutro dia.

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