Tribuna Ribeirão
Cultura

Parceria leva 7,28 mil alunos ao IFF

A parceria da prefeitura de Ribeirão Preto com o Instituto Figueiredo Ferraz (IFF) comple­ta seis anos em 2018. Tudo co­meçou através de um convênio assinado em 2013 e renovado anualmente entre a Secretaria Municipal da Educação e o IFF. Neste período, 7.283 estudantes da rede municipal de ensino já visitaram o espaço de arte con­temporânea, na rua Maestro Ignácio Stábile nº 200, no Alto da Boa Vista, Zona Sul, em 277 visitas guiadas.

Significa que, todo ano, cerca de 1.450 estudantes têm acesso à arte, 121 por mês. As visitas técnicas dos alunos da rede mu­nicipal de ensino de Ribeirão Preto são orientadas pela equipe de arte-educadores do Instituto Figueiredo Ferraz, que recepcio­na os estudantes de instituições públicas de ensino. “A gente não está aqui para explicar o que é a arte ou o que as obras de arte querem dizer. Nós estamos aqui mais para direcionar o olhar”, diz o arte-educador Pedro Toledo.

 

“E ter esse espaço com aces­so gratuito à população facilita o contato das pessoas com arte contemporânea, porque elas talvez ainda tenham essa ideia de exclusividade e de lugares com algum custo para entrar. Aqui em Ribeirão Preto temos esse espaço para recebermos tanto alunos da rede municipal e estadual como de colégios particulares”, emenda.

No total, 26 escolas munici­pais do Ensino Fundamental II participam do Programa Edu­cativo IFF. “O espaço aqui é de arte contemporânea e arte con­temporânea são obras de arte que estão sendo feitas no nosso tempo. Da mesma forma que o mundo em que vivemos está inserido dentro da nossa vida, que a gente não consegue fugir muito dele”, explica o também arte-educador Gil Neto.

“Isso acontece com os ar­tistas também e está presente no trabalho deles. Quando a gente coloca essas crianças que não têm muito contato com as obras de arte, muitas delas pela primeira vez em um espaço, aca­bamos colocando obras de arte feitas no tempo delas e com elas. Elas conseguem se ver naquilo também”, completa.

 

Duas escolas municipais conheceram o espaço de arte contemporânea no último dia 17 de outubro. Pela manhã, houve a visita do Centro Mu­nicipal de Educação Infantil (Cemei) Professor Eduardo Romualdo de Souza, locali­zado na Vila Virgínia, Zona Oeste, e à tarde, da Escola Mu­nicipal de Ensino Fundamen­tal (Emef) Geralda de Souza Espin, no Jardim Florestanm Fernandes, na Zona Leste.

O portal oficial da prefeitura de Ribeirão Preto acompanhou a visita de 40 alunos (núme­ro limitado para visitação pelo IFF) da Emef Geralda de Souza Espin. A escola é uma das cinco unidades escolares programadas para o mês de outubro. “Eu fica­va imaginando como seria aqui, mas quando cheguei é muito diferente. É legal para conhecer as artes e cada significado”, relata a aluna Larissa Cristina Cardoso Cattis, 11 anos.

Para a professora Eliana de Souza, da Emef Geralda de Souza Espin, as visitas am­pliam o repertório cultural dos alunos. “Eles estão acostuma­dos dentro de uma comunida­de com uma cultura específica. A galeria amplia a potenciali­dade do conhecimento porque dentro da escola a gente fala de arte contemporânea, mas os nossos recursos para ver, para vivenciar e experienciar arte contemporânea se limitam ao livro didático”, diz.

“Então, aqui eles conseguem ter essa experiência prática, ter contato com o legado cultural da humanidade e ter contato com a produção dos artistas con­temporâneos. A saída da escola amplia a noção de espaço social. Eles percebem algo diferente daquele universo que estão inse­ridos, tendo uma perspectiva de vida diferenciada”, explica.

A escolha da faixa etária é feita em parceria com a Secre­taria Municipal de Educação, levando em consideração as propostas do Programa Edu­cativo IFF com exercícios de interpretação das obras de arte estabelecendo conexões com as manifestações do mundo e seus significados.

“A gente tem algumas obras que podem ser tocadas, algu­mas obras que conseguem ex­plicar sem influenciar a imagi­nação deles, o que acaba sendo interessante porque dá oportu­nidade de conhecimento a to­dos”, ressalta Caroline Heldes.

 

Segundo Ana Cristina Iozzi, professora formadora de Arte do Centro de Acompanhamen­to, Avaliação e Formação (Caaf), o projeto é destinado aos alunos do 6º ano do Ensino Funda­mental. “Como uma atividade de campo que oferece aos estu­dantes o contato com a arte que vai além das páginas dos livros e da sala de aula, adquirindo uma consciência artística, para rea­lizarem uma leitura de mundo através dos códigos não verbais e ampliando sua visão sobre a riqueza cultural”, ressalta.

Iozzi destaca, ainda, que as visitas técnicas, além de am­pliar o horizonte das crianças e adolescentes, leva para dentro dos lares um novo repertório que muitas vezes são testemu­nhados nas visitas dos pais ao IFF. O arte-educador Gil Neto ressalta, também, como tem sido o contato dos estudantes com as obras de arte do Insti­tuto Figueiredo Ferraz.

“O que a gente vê dentro do nosso trabalho e de todas essas crianças que estão passando por aqui esse ano e vem passando ao longo do tempo desde que o Ins­tituto está aberto, é que as pulgas atrás da orelha vão embora com elas, e não é raro ver nos finais de semana essas crianças volta­rem com seus familiares. Então a gente vai plantando essa se­mentinha, fazendo elas se ques­tionarem sobre o que acham ser importante, deixando tirar suas conclusões e incentivando a arte e a cultura brasileiras”, enfatiza.

Em 2018, em torno de 40 escolas municipais já realizaram as visitas técnicas ao IFF, que sempre são acompanhadas dos docentes de arte. Os professores de arte são os responsáveis pela produção dos trabalhos realiza­dos após as visitas, unindo teo­ria e prática em sala de aula.
Sobre as visitas técnicas para 2019, a Secretaria da Educação de Ribeirão Preto prevê a conti­nuidade do projeto com a pos­sibilidade de ampliação de mais turmas. “Agora que o (Ensino Fundamental I) receberá o pro­fessor de Arte também nos anos iniciais de 1º ao 5º ano (6 a10 anos), avaliaremos essa opor­tunidade também para nossos alunos dessa faixa etária”, disse a titular da pasta, Luciana Andra­de Rodrigues da Silva.

Os educadores da área de Arte da prefeitura de Ribeirão Preto desejam a realização de um grand finale para o fecha­mento das visitas técnicas ocor­ridas ao longo do ano, utilizando os espaços municipais de arte e cultura com apresentações ar­tísticas nas várias linguagens: dança, teatro, música e variações das artes visuais. “Esses espaços podem ser o Teatro Municipal, Theatro Pedro II e outros Centros Culturais de nossa cidade e as atrações todas gratuitas e abertas à comunidade”, frisa Iozzi.

Livro traz relatório anual das visitas
No final de cada ano letivo, o Instituto Figueiredo Ferraz lança um livro sobre as visita­ções. As atividades dos alunos das escolas municipais tam­bém fazem parte deste rela­tório anual. O projeto Edu­cativo IFF também oferece formação pedagógica para os docentes de arte.
De acordo com a Secreta­ria Municipal da Educação, na rede municipal de ensino cerca de 50 professores já rece­beram essa formação nos últi­mos quatro anos, que subsidia as atividades de releituras e vivências junto aos estudantes em arte contemporânea.

Sobre o Instituto Figueiredo Ferraz
A ideia de criar o Instituto Figueiredo Ferraz (IFF) nasceu há dez anos, por iniciativa de seu idealizador, João Carlos Figueiredo Ferraz, ao perceber a necessidade de Ribeirão Preto ter um espaço para abrigar não só a coleção particular dele, formada com um conjunto de obras de arte, mas que pudesse trazer uma discussão a respeito de cultura, que pudesse trazer pessoas a pensar cultura.

O instituto é hoje um espaço que respira arte por todos os cantos do suntuoso prédio, com exposições temporárias e de longa duração. E por onde os visitantes transitam com muita luz, calma e uma visibilidade que, de onde estiverem, possam ter uma ideia generali­zada da exposição. O espaço conta com auditório para palestras e cursos com os artistas e melhores profissionais que atuam nas suas diversas áreas, que possam fomentar a troca de ideias e viabilizar as discussões de assuntos culturais de interesse coletivo.

Há, ainda, biblioteca com catálogos das exposições que acontecem ou aconteceram nas últimas duas décadas nas melhores galerias, livros sobre artistas, sobre arte, arquitetura, entre outros.João Carlos Figueiredo comentou sobre os números do Programa Educativo IFF (7.283 estudantes atendidos em cinco anos de parceria com o poder público municipal).

“A minha impressão é ótima, pois isto representa um interesse dos alunos pelo contato com a arte contemporânea e o prazer em des­frutar destes momentos. Temos um sentimento de dever cumprido com estas visitas, afinal foi pensando neles que todo esquema de ar­te-educadores foi montado e, com isso, esperamos estimular todos os alunos, independentemente de sua classe econômica ou social, a formarem a elite cultural do futuro”.

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