Um dia depois de o Banco Central anunciar que em setembro a taxa de inadimplência ao crédito do sistema financeiro no Brasil chegou a 3,04% – em termos absolutos R$ 96,6 bilhões de um saldo total de R$ 3,168 trilhões –, com 62,6 milhões de nomes “negativados”, montante equivalente à população da Itália, dados apurados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) apontam que o número de inadimplentes cresceu 4,22% em outubro deste ano em relação ao mesmo período de 2017.
Em números absolutos, estima-se que 62,89 milhões de brasileiros estejam com o Cadastro de Pessoa Física (CPF) restrito para fazer compras a prazo ou contratar crédito. Tudo isso às vésperas da “Black Friday” e do Natal. De acordo com a pesquisa, o aumento da inadimplência foi puxado pelo Sudeste, cuja alta observada em outubro foi de 13,30%, além de ser a região do país com o maior número de negativados – 26,10 milhões, o que representa 39% da população adulta da localidade.
O indicador revela ainda que pouco mais da metade (52%) dos brasileiros que têm entre 30 e 39 anos estão negativados, o que equivale a 17,9 milhões de consumidores. Na sequência, estão os consumidores de 40 a 49 anos (14,2 milhões); de 50 a 64 (13,1 milhões); de 25 a 29 (7,7 milhões); de 65 a 84 (5,45 milhões); e dos 18 a 24 (4,3 milhões).
Tipos de dívidas – O SPC Brasil calculou também o aumento de pessoas endividadas em determinadas modalidades de serviço. De acordo com a entidade, o crescimento mais expressivo foi o das dívidas bancárias, que incluem cheque especial, cartão de crédito, empréstimos, financiamentos e seguros, cuja alta foi de 7,74%. Também houve alta em atraso de contas com empresas do setor de comunicação (7,56%), enquanto as contas atrasadas de serviços básicos, como água e luz, sofreram aumento de 4,46%.
Na avaliação do SPC Brasil, a inadimplência do consumidor continua elevada mesmo com o fim da recessão, pois a recuperação econômica segue lenta e ainda não há impacto considerável no mercado de trabalho. A entidade afirma ainda que os consumidores que quiserem gastar com as festas de final de ano devem aproveitar os bônus, como o décimo terceiro salário, para renegociar suas dívidas em condições mais vantajosas.
O indicador de inadimplência do consumidor reúne todas as informações disponíveis nas bases de dados às quais o SPC Brasil e a CNDL têm acesso. As informações disponíveis referem-se a capitais e interior das 27 unidades da federação.