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Uma doença emergente na pecuária brasileira

A Tripanossomíase bovina é uma infecção causada pelo hemoprotozoário Trypanosoma vivax e ocorre com frequ­ência cada vez maior nos nossos rebanhos bovinos, gerando grandes prejuízos principalmente à pecuária leiteira.

Estima-se que o custo desta doença é de aproximadamen­te US$ 14,65 por animal ou 4% do valor estimado do rebanho e, sem o tratamento, esta porcentagem se eleva a 17%. Em rebanhos leiteiros, a queda na produção pode chegar a 41,6% (COSTA et al., 2013).

O diagnóstico da tripanossomíase por T. vivax em bovinos não é fácil, pois o parasito causa sinais clínicos pouco especí­ficos como febre, perda de apetite, perda de peso, diminuição da produção leiteira, abortos e sinais neurológicos (BATISTA et al., 2007; CADIOLI et al., 2012) e muitas vezes é confun­dido com outras doenças causadas por hematozoários, como Babesiasp e Anaplasmasp.

Essa dificuldade no diagnóstico contribui na difusão da doença. Nas Américas, a transmissão é realizada mecanica­mente por mutucas e mosca-dos-estábulos, ou por objetos e/ ou substâncias que transportam o hemoprotozoário como seringas e agulhas contaminadas.

Existem três formas de infecção do T. vivax em bovinos: aguda (resulta em morte dentro de poucas semanas após o contágio (GARDINER et al., 1989); a subaguda, na qual os ani­mais apresentam febre, letargia, fraqueza, anemia e leve queda na condição física, morrendo após cinco semanas (LOSOS e IKEDE, 1972); e a forma crônica, caracterizada por anemia e emaciação progressiva (UNSWORTH e BIRKETT, 1952) asso­ciadas à baixa parasitemia (GARDINER et al., 1989).

O diagnóstico do parasitismo pode ser realizado pelos métodos parasitológicos, sorológicos ou moleculares. O pa­rasitológico é o mais utilizado no Brasil, porém pode apre­sentar pouca sensibilidade em condições de baixaparasitemia (WAAL, 2012). Já os métodos sorológicos como a Reação de Imunofluorescência Indireta e o Ensaio de Imunoabsorção Enzimático (SILVA et al., 2002) detectam a presença de anti­corpos anti-T. vivax no soro do animal suspeito, porém não há como afirmar se a infecção está ativa. Além do mais, essas provas podem não detectar a infecção nos primeiros dias da infecção, favorecendo a dispersão (CADIOLI et al., 2015). Os métodos moleculares, como Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), PCR em tempo real ou qPCRe a amplificação circu­lar isotérmica do DNA ou LAMP, apresentam sensibilidade superior aos métodos anteriormente citados e são utilizados como diagnóstico definitivo da presença do T. vivax.

É muito importante controlar os vetores como a mosca-dos -estábulos (Stomoxyscalcitrans) por meio da adoção do manejo adequado da matéria orgânica. Para o controle físico dessa mosca, deve-se fazer a limpeza do ambiente, adotar o manejo de esterquei­ras e não deixar resíduos de alimentos. O controle químico pode ser feito com aplicação de inseticidas após a limpeza dos currais e comedouros. Para o tratamento desta doença são indicados o Cloridrato de Isometamidium e o Diaceturato de Diminazeno.

“Boas práticas de produção” (tais como alimentação adequa­da, conforto térmico, entre outros, com o intuito de assegurar o bem-estar dos animais e imunidade dos mesmos), “Quarentena” (na aquisição de novos animais) e “Boas Práticas de Aplicação de Produtos de Uso Veterinário” como utilização de agulhas descar­táveis são medidas fundamentais a serem adotadas.

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