O Brasil tem mais de 50 milhões de cães, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É perceptível que o brasileiro se apega cada vez mais aos animais de estimação. Mas ter um cão significa ter cuidados especiais, que vão desde alimentação, a banhos e tosas frequentes. E essa atenção pode ser maior e melhor. O adestramento de cães é uma dessas opções. Além dos ensinamentos básicos, cães adestrados podem e são utilizados em tratamentos de doenças e cuidados com pessoas especiais.
“Existem vários tipos de adestramento por motivação com brinquedo que ele gosta, com comida ou por correção, adestramento básico que são: ‘sentar’, ‘deitar’, ‘aqui’ e ‘andar juntos’; secundários que são ‘rola’, ‘morto’, ‘cumprimenta’ e ‘ornamental’, como andar para trás, andar de pé. Tem ainda os treinamentos de guarda e proteção em que ensinamos o cão a morder e largar sob comando”, explica o adestrador Ricardo Alexandre Cazarotte.
Segundo Cazarotte, o ideal é iniciar os ensinamentos dos chamados bons modos aos cães logo nas primeiras semanas de vida e o adestramento a partir dos cinco meses. O adestrador afirma que todos os cães podem ser adestrados, mas que quanto mais novo, mais fácil o trabalho.
Algumas raças são mais fáceis de adestrar. “Alguns aprendem com mais facilidade, como poodle, o bordercollie, que são mais inteligentes”, ressalta Cazarotte. Segundo ele, o adestramento leva em média de quatro a seis meses.
Especiais
Além dos comandos básicos e secundários, cães adestrados têm se tornado uma alternativa em tratamento de doenças e auxílios com cuidados especiais a pessoas com deficiência (PDC).
Cazarotte conta alguns casos de sucesso que passaram por ele. Um deles, o cão foi adestrado para auxiliar um garoto que tinha crises epiléticas. “O cão foi adestrado para detectar essas crises. O garoto não mexia nem os braços e tinha vinte crises por dia. Tomava cinco medicamentos controlados e com tarjas pretas por dia. Era um garoto muito agitado, mas após o treinamento do cão começou a movimentar os braços, diminuiu o remédio para um quarto durante a noite e no máximo uma crise por dia. Agora é outro garoto, muito alegre”, conta.
Outras situações aconteceram com meninos autistas. “São cães companheiros dos garotos. Quando o hormônio da ansiedade sobe, o cão detecta e acalma os garotos, diminuindo consideravelmente as crises e melhora qualidade de vida”, explica.
Em outro caso, o cão foi adestrado para uma pessoa com paralisia cerebral. De acordo com Cazarotte, o cão serve de companhia e estimula a criança a querer se movimentar.
O animal adestrado pode ser importante ainda na detecção de doenças, algumas graves. “No câncer de próstata o cão detecta uma proteína anormal na urina, sendo uma ferramenta muito útil para os médicos”, finaliza o adestrador.
Cães a serviço da segurança pública
Quem nunca viu uma cena de filme em que um cão realiza um ato heroico, principalmente em filmes policiais. Assim como nos filmes, na vida real isso acontece e com muita frequência. Os cães policiais são treinados e adestrados para patrulhar, farejar explosivos e drogas, controlar rebeliões e tumultos e resgatar pessoas.
Em Ribeirão Preto, os cães do Canil da Polícia Militar trabalham numa rotina diária e com bons resultados. Segundo o tenente Thácio de Oliveira Pedroso, os cães são utilizados em diversos tipos de operações. Ele cita, como exemplo, o caso do menino Joaquim, que teve repercussão nacional, e os cães trabalharam na busca pelo corpo.
“Aquiles (um dos cães) no ano passado, somadas as operações, localizou mais de uma tonelada de entorpecente”, aponta. “Outras ações em que os cães são vistos, são nos policiamentos utilizados em jogos de futebol”, acrescenta.
Atualmente o Canil do 3°BPMI, em Ribeirão Preto, possui 21 cães de diversas raças.“Temos um da raça bloodhound em treinamento para busca de pessoas devido a essa raça possuir mais de 300 milhões de células olfativas. Temos cães de detecção de drogas e explosivos. E cães de policiamento treinados na guarda e proteção. Todos os cães são treinados, além de receber alimentação de manha e a tarde”, explica.
Segundo Thácio, os cães se aposentam aos sete anos de idade, ou antes do tempo, por inservibilidade. Os cães são doados para seus treinadores e caso eles não queiram, é doado para outro policial militar.