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Sindicato denuncia déficit de policiais

Faltam hoje no estado de São Paulo 731 delegados de polícia, de acordo com dados do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Pau­lo (Sindipesp). Os números fazem parte de levantamento periódico divulgado por aque­la entidade e revela também o déficit em todas as carreiras da Polícia Civil. Feito a partir de dados divulgados pelo Sistema de Informações ao Cidadão (SIC), o relatório mostra que somente na Seccional de Ribei­rão Preto existe uma carência de 111 profissionais, em com­paração com o total de cargos criados pelo governo paulista e disponíveis para esta região. Na seccional de Sertãozinho o dé­ficit divulgado pelo sindicato é de 117 policiais e na de São Joa­quim da Barra de 42. Procurada para comentar estes números a Polícia Civil disse que a repor­tagem deveria procurar a Se­cretaria Estadual de Segurança Pública em São Paulo.

Para o presidente do Sindi­cato dos Policiais Civis de Ri­beirão Preto e Região (Sinpol), Emauri Lúcio da Mata, exis­tem dois motivos essenciais para a falta de profissionais. O primeiro é a não realização de concursos públicos pelo Esta­do para novas contratações. Já o segundo, a não substitui­ção dos policiais que se apo­sentam, largam a profissão ou morrem. “A população au­menta diariamente e há mais de vinte anos que o Governo não faz nada para que o núme­ro de profissionais acompanhe este aumento”, garante Emauri.

A Delegacia Seccional de Ribeirão Preto é composta pe­los municípios de Brodowski, Cajuru, Cássia dos Coqueiros, Cravinhos, Guatapará, Jardinó­polis, Luis Antonio, Santa Cruz da Esperança, Santa Rosa do Vi­terbo, Santo Antônio da Alegria, São Simão, Serra Azul e Serra­na. Ver gráfico nesta página.

Déficit no Estado
Em todo estado, segundo o Sindicato dos Delegados, a carência é muito maior. Faltam atualmente 13.169 profissionais sendo, 731 delegados, 3.060 in­vestigadores, 2.895 escrivães, 924 agentes policiais, 855 agen­tes de telecomunicação, 300 pa­piloscopistas, 450 auxiliares de papiloscopista, 269 médicos legistas e 262 peritos criminais entre outros cargos.

Para Raquel Kobashi Galli­nati, primeira mulher a ser eleita presidente daquele sin­dicato, a categoria espera que o próximo governador de São Paulo corrija essa grave falha. “O déficit de pessoal que existe hoje é inaceitável”, afirma. Segundo ela sem uma polícia judiciária forte, o crime organizado cresce e a segurança pública fica sob risco, pois as pessoas tornam-se reféns do medo. “É preciso res­ponsabilidade do governante para com a população. Inves­tir em polícia judiciária é uma obrigação do Estado, não uma decisão política do gestor”, completa a presidente.

Secretaria acusa sindicato de distorcer dados
Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública, o sindicato distorce os dados e os fatos para justificar uma tese equivocada. O suposto déficit apontado levaria em consideração car­gos de carcereiros, que foram extintos em razão do fechamento das carceragens em distritos policiais. Além disso, segundo a secretaria, os investimentos em tecnologias realizados pelo Governo do Estado ampliaram o atendimento à população, possibilitando maior agilidade no registro de ocorrências, além de auxílio em investigações.
O governo estadual garante que desde 2011 foram contratados, 445 policiais civis e técnico científicos para a região do Deinter 3. Além disso, 238 novas viaturas foram entregues para a Polícia Civil da região de Ribeirão Preto, com um investimento de mais de R$ 16 milhões. O Deinter 3 é formado pelas delegacias seccionais de Ribeirão Preto, Araraquara, Barretos, Bebedouro, Franca,São Carlos, São Joaquim da Barra e Sertãozinho
Diz ainda que, em todo o Estado, foram contratados 7.001 agentes, 3.724 novas viaturas, to­talizando mais de R$ 247 milhões em investimentos. Também estão em andamento concursos para contratação de 2.750 policiais civis, todos com inscrições encerradas e provas já realiza­das. Vale dizer que não há delegacia no Estado que não tenha um delegado responsável.
“Os investimentos contínuos da Secretaria no reforço policial e na modernização de ambas as polícias, resultaram na prisão de 1.453 pessoas em flagrante e na apreensão de 123 armas de fogo que foram retiradas das ruas, em Ribeirão”, completa nota enviada ao Tribuna.

Governador eleito promete novos batalhões em Ribeirão Preto
O governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que Ribeirão Preto e Taubaté serão as primeiras cidades a receber Batalhões de Ações Especiais da Polícia Militar (Baeps) e Departamento de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil. As unidades ribeirão-pre­tanas, no entanto, serão instaladas primeiro, porque, segundo o tucano, os ataques com bombas na cidade, principalmente a empresa e carros-fortes que transportam valores, “são recorrentes”.
“Ribeirão Preto será uma delas porque o problema, infelizmente, é recorrente. Taubaté será a segunda. A terceira nós estamos decidindo. Serão três batalhões especiais, cada um com 300 policiais militares – é a Força Tática e a Rota, é a elite da elite”, declarou. Questionado sobre o prazo para a instalação dos Baeps, Doria informou que isso ocorrerá “no mais curto espaço de tempo possível”. “Vamos preparar a tropa fisicamente para colocá-la e locá-la exatamente onde ela deverá estar. Mas não será apenas a Polícia Militar, Ribeirão Preto terá também o Deic “, afirmou Dória.
Ele não quis definir uma data para instalação das unidades porque só vai assumir o governo do Estado de São Paulo em 1º de janeiro. No entanto, afirmou que vai conversar com o atual governador Márcio França (PSB) na tentativa de agilizar os trâmites.
Ataques a carro-forte
A região de Ribeirão Preto tem sido alvo constante de ataques a carro-forte transportadores de valores. Os dois mais recentes aconteceram esta semana. O primeiro, no dia 8 de novem­bro, quando um veículo da empresa de valores Protege foi atacado na rodovia Abrão Assed, em Cajuru. O grupo armado com fuzis rendeu os seguranças e explodiu o cofre do veículo. Segundo informações extra-oficiais eles levaram R$ 15 milhões de reais.
Já na madrugada de segunda-feira 5 de novembro, uma quadrilha atacou a sede da Brinks, na Lagoinha, na Zona Leste da cidade. Houve uma intensa troca de tiros e um bandido mor­reu. Até linhas de ônibus tiveram de ser desviadas devido aos bloqueios. Com armamento pesado – até fuzis AK-47 o bando portava –, a quadrilha atacou a empresa de transporte valores por volta das duas horas e o tiroteio invadiu a madrugada.
Houve explosões, carros foram incendiados e um frentista foi feito refém. Dois suspeitos foram presos. Sete carros usados pelos bandidos foram encontrados em um canavial em Serra Azul. A ação assustou a vizinhança.

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