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Advogada da Sevandija obtém prisão domiciliar

A Justiça de Ribeirão Pre­to autorizou a transferência da advogada Maria Zuely Alves Librandi, condenada a 14 anos e oito meses de reclusão e ao pagamento de 66 dias-multa em uma das ações penais da Opera­ção Sevandija, a cumprir pena em prisão domiciliar enquanto estiver em tratamento de um câncer de mama diagnostica­do neste ano. Ela deve deixar a Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tre­membé, no Vale do Paraíba, nos próximos dias.

O juiz da 4ª Vara Criminal, Lúcio Alberto Eneas da Silva Ferreira, que em agosto havia negado o pedido por falta de lau­dos médicos, agora atendeu ao parecer favorável emitido pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual (MPE). Os promotores que formam a força-tarefa com a Polícia Federal solicitaram exa­mes médicos antes de o magis­trado conceder a prisão domi­ciliar, e o diagnóstico indicou a presença de tumor.

O pedido foi feito pela defesa de Maria Zuely Alves Librandi, representada pelo advogado Luiz Carlos Bento. Segundo laudo apresentado à Justiça, Maria Zuely precisa ser submetida a uma ci­rurgia para retirada do tumor. Ela também deverá passar por ses­sões diárias de radioterapia após o procedimento. No parecer, o Gaeco condiciona a mudança de regime ao envio de relatórios médicos mensais sobre as con­dições de saúde da advogada, até o final do tratamento.

A advogada está presa desde dezembro de 2016 por envolvi­mento no escândalo da fraude envolvendo pagamentos indevi­dos de honorários advocatícios pela prefeitura de Ribeirão Preto na ação de reposição de perdas salariais dos anos 1990 (plano Collor), o popular processo do 28,35% vencido pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto (SSM/RP) que beneficiou mais de quatro mil funcionários públicos e herdei­ros. Ela nega qualquer envol­vimento em atos ilícitos e diz que vai provar inocência. Maria Zuely foi condenada por organi­zação criminosa.

Na mesma ação a ex-prefei­ta Dárcy Vera (sem partido) foi condenada a 18 anos, nove me­ses e dez dias de prisão em regi­me fechado por supostos crimes denunciados pelo MPE. A sen­tença tem 271 páginas onde o magistrado expõe as provas e os motivos da condenação. O Ga­eco recorreu porque quer que o grupo seja condenado também por corrupção ativa e passiva. A Operação Sevandija foi de­flagrada em 1º de setembro de 2016 e Maria Zuely é quem está há mais tempo atrás das grades.

O grupo supostamente chefiado pela ex-prefeita teria desviado R$ 45,5 milhões ilegal­mente, inclusive com a fraude de uma ata de assembleia dos ser­vidores. O esquema ainda teria gerado um prejuízo de R$ 120 milhões à categoria, que foram privados de receber os 6% de ju­ros de mora referentes ao acor­do inicial. Dárcy Vera responde também por peculato, crime em que o agente público se beneficia do cargo que exerce.

Outros quatro réus também foram condenados, entre eles o presidente destituído do Sindicato dos Servidores Municipais, Wag­ner Rodrigues, que fechou acordo de delação premiada com o Gae­co e vai cumprir onze anos em pri­são domiciliar, além de pagar 50 dias-multa. O ex-sindicalista disse em depoimento que Dárcy Vera recebeu propina de R$ 7 milhões de Maria Zuely para acelerar o pa­gamento dos honorários.

Além dos três, também são réus nesta ação o ex-secretário da Administração, Marco Antonio dos Santos, e os também advoga­dos Sandro Rovani e André Soa­res Hentz – ele e Rodrigues aguar­dam em liberdade o julgamento no Tribunal de Justiça de São Pau­lo (TJSP). Todos respondem por organização criminosa, lavagem de dinheiro e, no caso de Santos, por peculato. Hentz e Rovani fo­ram condenados a 14 anos e oito meses de reclusão, além de 66 dias -multa cada. Marco Antônio dos Santos pegou a mesma pena de Dárcy Vera, de 18 anos, nove me­ses e dez dias de prisão em regime fechado, além de 88 dias-multa. Afora Rodrigues, todos negam a prática de atos ilícitos.

Em sua delação, Rodrigues disse que além dos R$ 7 milhões supostamente pagos à ex-prefeita, Maria Zuely teria repassado R$ 11 milhões ao sindicato (por meio de Rovani, que dividiria o mon­tante com o delator), mais R$ 11 milhões iriam para Hentz e R$ 2 milhões para Santos. O ex-sindi­calista admite ter recebido R$ 1,2 milhão. Os demais negam.

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