Tribuna Ribeirão
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Larga Brasa

Desculpa esfarrapada dá desquite
Na estrada de Bonfim Paulista, perto de onde hoje se situa o Shopping dos altos da cidade, havia uma cava, onde as emprei­teiras que asfaltavam a cidade pegavam a terra pedregosa para compactar o solo. A cada nova obra a cava crescia. Os casais que naquele tempo não tinham a modernidade dos motéis e não era fácil frequentar um “rendez vous”, as casas de encontros, se diri­giam rumo a Bonfim e se alojavam naquele buraco da retirada da terra. Por noite mais de vinte veículos se juntavam naquele local que depois serviu para a implantação de um cinema a céu aberto. Havia um código entre os que frequentavam a área livre. Somente ligavam as lanternas para evitar que se expusessem os rostos das mulheres frequentadoras. A Polícia não registrou nenhum aciden­te dentre os carros que circulavam por ali.

Ladrões rondavam a Cava
Os larápios ficavam de olho nos veículos e nos casais. Alguns pegavam o coxonilho e saiam para ficarem na relva aprovei­tando a fresca das noites. Os amigos do alheio chegavam aos fuscas (a maioria era de fusca) e furtavam tudo que era deixa­do pelos namoradores. Roupas, carteiras, e outros objetos. Em certa ocasião um destes ladrões pegou as roupas dos dois que saíram do carro. Quando voltaram, cadê as roupas masculinas e femininas. Só sobrou a cobertura do assento do veiculo. O casal saiu do local, ela cobrindo o corpo com o pano que so­brou e ela sem lenço e sem documento.

Na zona do meretrício
Naquele tempo, a casa da luz vermelha era na rua São Paulo e também havia na Pinheiro Machado. O motorista procurou uma mulher muito conhecida na cidade e pediu a ela que lhe emprestasse um a vestimenta. Ela assim o fez. Ele deixou a mulher perto da casa onde ela residia com o marido que tra­balhava a noite e rumou para a casa de um amigo.

Conversa cifrada na madrugada
O dono do fusca buzinou na casa de um amigo, nos altos da cidade, e o cidadão que o conhecia e a sua buzina abriu a janela do quarto superior da casa. Perguntou o que havia acontecido e ele tentou se justificar dizendo que foi consertar um caminhão na estrada e que o óleo do motor havia estragado sua roupa. Conseguiu entrar em uma calça como se fosse São Paulo den­tro de Ribeirão, tão pequena era. E voltou para sua casa.

No dia seguinte
Na manhã seguinte a esposa vendo uma roupa diferente per­guntou as razões por estar usando aquela calça tão agarrada. Ele explicou, ou tentou explicar. Ela engoliu.

Telefonema revelador
O amigo confidenciou à sua mulher o que havia acontecido e logo pela manhã ela telefonou à amiga e contou a verdade. Houve uma sequencia de bordoadas com o rolo de macarrão e o desquite (aquele tempo não havia divorcio) aconteceu. Nun­ca mais ele foi a cava de Bonfim. Depois de muito lero-lero, voltou com a esposa. Foi o homem mais fiel que se teve co­nhecimento em Ribeirão Preto.

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