O presidente Michel Temer (MDB) recuou e decidiu manter o início do horário de verão para a zero hora deste domingo, 4 de novembro, quando os relógios serão adiantados em uma hora em parte do Brasil. No início de outubro, o governo havia anunciado que adiaria o horário de verão para o dia 18 de novembro a fim de atender a um pedido do Ministério da Educação por causa da realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que acontece nos dois primeiros domingos do próximo mês – dias 4 e 11.
O governo passou a ser pressionado a retomar a data original principalmente pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), que representa as maiores empresas áreas do Brasil. A entidade argumentou que a mudança poderia afetar cerca de 42 mil voos. “Essa mudança trará sérias consequências para o planejamento da operação aérea e, consequentemente, para os consumidores com volume expressivo de passageiros podendo perder voos, pois os bilhetes foram adquiridos com antecedência”, disse.
Um eventual adiamento para o dia 18 representaria a segunda mudança de data do horário de verão. A primeira foi devido ao segundo turno das eleições, que ocorre neste domingo, 28 de outubro. Com o fim da medida mantida para 16 de fevereiro (quando o relógio deverá ser atrasado em uma hora), a edição 2018-2019 terá 105 dias de duração, 21 a menos do que em 2017-2018. No ano passado, o governo chegou a cogitar acabar com a mudança, que atinge sobretudo o Sudeste.
O Ministério de Minas e Energia é contra a continuidade do sistema e defende a realização de enquete para saber o que pensa a população. Estudos apontam que o horário não proporciona economia de energia. Isso se deve principalmente à popularização dos aparelhos de ar condicionado, item que consome muita energia. O pico de demanda atualmente ocorre no início da tarde, entre 14 horas e 15 horas, quando a temperatura está mais alta.
No passado, o “vilão” da conta de luz era o chuveiro elétrico e o momento de maior demanda ocorria entre o fim da tarde e o início da noite, entre 17 horas e 20 horas. Em setembro, Temer decidiu manter a existência do horário de verão mesmo após a conclusão de estudos que mostraram que a medida não proporciona economia de energia.
“Tendo em vista as mudanças no perfil e na composição da carga que vêm sendo observadas nos últimos anos, os resultados dos estudos convergiram para a constatação de que a adoção desta política pública atualmente traz resultados próximos à neutralidade para o consumidor brasileiro de energia elétrica, tanto em relação à economia de energia, quanto para a redução da demanda máxima do sistema”, informou na época o Ministério de Minas e Energia.
A CPFL Paulista, que atende 4,4 milhões de unidades consumidoras em 234 cidades do Estado de São Paulo – 290 mil somente em Ribeirão Preto –, anunciou que o horário de verão 2017/2018 gerou economia de 41,3 mil MWh no consumo de energia em sua área de concessão. Esse volume seria suficiente para abastecer 17,2 mil famílias por um ano com um consumo mensal de 200 kWh.
A quantidade de energia economizada seria suficiente para atender uma cidade do porte de Ribeirão Preto, com quase 700 mil habitantes, por nove dias – Barretos por 44, Franca por 22, Jaboticabal por 95, Campinas por quatro, Bauru por 17, São José do Rio Preto por 15 dias, Araraquara por 22, Marília por 29, Paulínia por 13 e Sumaré por 16 dias.
Na edição anterior, a redução estimada na área de atuação da CPFL Paulista, nos 126 dias de duração da medida, foi de 0,40% – a economia estimada em 2016/2017, de 48.286 megawatts/hora (MWh), seria suficiente para abastecer Ribeirão Preto por nove dias.
Além da economia no consumo de energia, outro ganho está em diminuir os riscos de sobrecarga no sistema elétrico no horário de pico de consumo. No período de pico, há expectativa de uma redução de 2,5 % na demanda de energia, o que contribui para reduzir a geração das termelétricas (mais caras e poluentes).
Histórico
A medida foi adotada pela primeira vez no Brasil em 1931, mas de forma consecutiva, acontece há 28 anos. Os estados que adotam a medida são: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Em 8 de dezembro de 2008, foi assinado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva o decreto de número 6.558, que estabelece os padrões para as futuras horas de verão em parte do território nacional.
Enem será neste final de semana
Os estudantes que vão fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2018, neste final de semana, podem acessar os cartões de confirmação da inscrição. Para consultar, é necessário acessar a página do participante, onde será exigido número do cadastro de Pessoa Física (CPF) e senha, ou baixar aplicativo Enem 2018 no celular. O documento informa local de prova, data e horários.
Neste domingo, 4 de novembro, serão aplicadas as provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Redação, Ciências Humanas e suas Tecnologias, e no dia 11, os candidatos farão as provas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. Caso o estudante tenha problema com as informações do cartão ou dificuldade de acesso ao documento, será necessário entrar em contato com o MEC pelo telefone 0800616161
Neste ano, 5,5 milhões de pessoas em todo o país farão o Enem, o que significa imprimir onze milhões de cadernos de questões. As provas serão aplicadas em 1.725 municípios. Os participantes devem ficar atentos à entrada, neste domingo (4), quando começa o horário brasileiro de verão. O fechamento dos portões no dia da prova está previsto para as 13 horas, pelo horário de Brasília – serão abertos ao meio-dia.