Dos 13,5 milhões de metros quadrados de ruas e avenidas pavimentadas em Ribeirão Preto – a malha viária tem cerca de 1,5 mil quilômetros –, dois milhões de m², ou seja, 15% apresentam problemas como deteriorização ou buracos. Os dados da Secretaria Municipal de Infraestrutura revelam também que estes problemas causados pelo tempo de vida útil do asfalto e pelo tráfego intenso de veículos se agravaram com as fortes chuvas que atingiram a cidade nas últimas semanas.
Somente em 17 de outubro, segundo dados divulgados pelo Instituto Climatempo, choveu na cidade a média considerada normal para todo o mês de outubro, o mês mais chuvoso dos últimos doze anos em Ribeirão Preto – terminou com mais de 300 milímetros de chuva, sendo que em apenas dois caiu quase 250 mm de água em Ribeirão Preto. Constatar o aumento dos buracos é algo bem simples e visível, seja em ruas do Centro, nas áreas nobres ou em bairros que registram o maior número de pedidos de solicitações do serviço de “tapa -buracos” da prefeitura, como os Campos Elíseos, Ipiranga e Parque Ribeirão Preto.
Diariamente, segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura, são fechados 800 buracos nas ruas e avenidas. Quatro equipes realizam este serviço e utiliza em média 34 toneladas/ dia de Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ). O Serviço de Atendimento ao Munícipe (SAM) também recebe uma média de 30 reclamações de buracos por dia pelo telefone 156. Para tentar resolver esta demanda, a administração municipal diz que intensificou as ações do serviço de “tapa-buracos” e ampliou o recapeamento em várias regiões da cidade. De acordo com dados do governo, de 2017 até setembro deste ano foram recuperados 200,58 quilômetros de vias públicas, com investimento de R$ 38.975.577,00.
Em meados do mês passado, o secretário Pedro Luiz Pegoraro, em entrevista a uma emissora de televisão, disse que a prefeitura de Ribeirão Preto deve demorar ao menos dois anos para recuperar todas as ruas e avenidas esburacadas do município. Ele informou que 61 bairros já foram contemplados com obras de recapeamento e outros dez devem ser recuperados no próximo ano. Para obter os recursos necessários, a administração municipal tem buscado financiamento junto aos governos estadual e federal. No Japão, o asfalto dura mais de 50 anos. Na Alemanha e na Inglaterra, 30 anos, em média. Uma jornalista de Ribeirão Preto que há oito anos reside em Londres, cidade do fog (nevoeiro) e da chuva incessante, disse ao Tribuna que jamais viu uma rua ser recapeada.
No ano passado, três pessoas morreram na cidade depois de acidentes envolvendo buracos. Maria de Lourdes Feliciano, de 52 anos, não resistiu aos ferimentos depois de cair da moto dirigida pelo marido Robson Valentim, que teve uma fratura no pé. O homem tentou desviar de um buraco cheio de água e pedras no cruzamento das rua Major Ricardo Guimarães com José de Assis lemos, no Parque Ribeirão Preto, na Zona Oeste. A mulher estava na garupa. Foi em 15 de julho.
Em fevereiro, o motoboy Matheus Silva, de 25 anos, morreu nove dias após cair com o veículo em um buraco na avenida Bandeirantes, também na Zona Oeste de Ribeirão Preto. Ele passou por várias cirurgias e entrou em coma. Não resistiu. No dia 27 de junho, o entregador de pizzas Edward Alves da Silva Júnior, de 30 anos, morreu ao cair de moto em um buraco no cruzamento das ruas Prudente de Morais e Marechal Deodoro, no Centro.