Na tarde desta quarta-feira, 31 de outubro, o prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB), acompanhado da secretária da Cultura, Isabella Pessotti, e do diretor superintendente da Universidade Moura Lacerda, professor Paulo Lapini, assinou um termo de convênio para a elaboração do projeto de intervenção e recuperação do Complexo dos Museus Municipais de Ribeirão Preto – Museu Histórico e de Ordem Geral Plínio Travassos dos Santos e Museu do Café Coronel Francisco Schmidt.
O termo tem por objetivo a junção de esforços para elaborar um conjunto de documentos para identificação, conhecimento e diagnóstico do complexo dos Museus em seus aspectos histórico, estético, formal e técnico, coletando dados necessários para futura elaboração do projeto de intervenção e recuperação. Duarte Nogueira destacou que este é um momento importante para a recuperação dos monumentos históricos, culturais e arquitetônicos do município.
“Em nome da prefeitura de Ribeirão Preto, agradeço por esse passo importante que estamos dando na linha da atividade cultural preservada e trabalhada com responsabilidade por todos nós”, disse o prefeito. O termo tem a vigência de 12 meses, contados a partir da data de sua assinatura, podendo ser prorrogado caso necessário, mas não ultrapassando o limite de 60 meses para ser concluído.
“Estamos muito contentes com essa parceria, onde vamos integrar os nossos alunos e professores nesse projeto que vai restaurar esses dois museus”, relatou o professor Paulo Lapini. O projeto será desenvolvido pelos alunos do Moura Lacerda, estudantes dos cursos de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, não criando vínculo empregatício de qualquer natureza.
A secretária da Cultura falou que um projeto básico teria que ser elaborado para que desse origem ao projeto técnico de restauro dos dois prédios e do próprio acervo existente. “O primeiro passo foi dado com essa assinatura, agora vêm todos os outros passos para viabilizar o restauro”, relatou Isabella Pessotti.
Entre as ações que serão desenvolvidas estão a pesquisa histórica – que irá compreender o antigo uso residencial e as adaptações feitas no decorrer do tempo –, levantamento métrico e arquitetônico – para obtenção de dados técnicos para os trabalhos de restauração – e análise arquitetônica, entorno imediato, identificação de materiais e sistemas – elaboração de um relatório que organiza o conjunto de dados e informações obtidas.
Também participaram da reunião os secretários Nicanor Lopes (Governo e Casa Civil) e Edmilson Domingues (Turismo). Em outubro, um parecer técnico elaborado a pedido do Ministério Público Estadual (MPE) aponta que há umidade excessiva, falta de dedetização e alto risco de incêndio nos museus Histórico e do Café, instalados no campus da Universidade de São Paulo, mas sob a tutela do município.
O laudo sugere a adoção de medidas urgentes para sanar os problemas. Os dois prédios seguem fechados há dois anos e sete meses. Diante do documento, o promotor Alexandre Marcos Pereira pediu à Justiça a execução da multa diária de R$ 1 mil, imposta em outubro de 2017, uma vez que ficou comprovado que a prefeitura não havia adotado medidas para proteger os museus.
A penalidade já soma quase R$ 270 mil. Entre as ações que foram impostas pela Justiça estava o monitoramento e o controle ambiental para preservar o acervo de umidade, o controle de vetores e pragas, a elaboração de projeto para obtenção do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), obras para cessar infiltrações e o risco de incêndio, além de segurança no local durante 24 horas por dia.
O Complexo dos Museus Municipais
Em 2017, a prefeitura anunciou que o Museu do Café Coronel Francisco Schmidt, no campus da Universidade de Sâo Paulo (USP), deveria passar por recuperação orçada em R$ 80 mil. A Casa do Colono e a revitalização do restante do complexo consumiriam mais R$ 250 mil, repasse aprovado por emenda parlamentar. As obras deveriam ser feitas em etapas, de acordo com a disponibilidade dos recursos. A prefeitura pleiteava ainda dinheiro para acessibilidade e descupinização. Enquanto isso, o juiz Reginaldo Siqueira, da 1ª Vara da Fazenda Pública, deu prazo de 90 dias para o início da reforma e estipulou multa diária de R$ 1 mil em caso de desobediência. A administração recorreu. O Museu Histórico e de Ordem Geral Plínio Travassos dos Santos, no mesmo local, também sofre com cupins. O problema persiste principalmente nas portas e janelas de madeira, embora o telhado e o forro tenham sido recuperados e não haja risco de infiltrações. Mas os espaços mais antigos ainda acumulam insetos que podem infestar as novas áreas e o próprio acervo. Fechado desde março do ano passado, quando houve a queda do teto de uma das salas, depende de recursos para novas obras e não tem previsão para ser reaberto. O Museu Histórico e de Ordem Geral começou a sair do papel em 1938, por iniciativa do seu patrono Plínio Travassos dos Santos. Com o objetivo de criar um Museu em Ribeirão Preto. A criação foi oficializada em julho de 1949. Em 1950, o município recebeu por empréstimo a casa-sede (antigo Solar Schmidt) da Fazenda Monte Alegre. Este imóvel e a área circundante foram posteriormente doados (em regime de comodato) mediante autorização legal. Em 28 de março de 1951, instalado definitivamente no antigo Solar Schmidt, o museu foi inaugurado, com as seções Artes, Etnologia Indígena, Zoologia, Geologia e Numismática. Com o objetivo de contar a história do “ciclo do café” em Ribeirão Preto e no Brasil, Plínio Travassos dos Santos começou a recolher e colecionar objetos alusivos a cultura do “ouro verde”. Em 20 de janeiro de 1955, já com um número significativo de objetos, foi inaugurado o Museu do Café, instalado provisoriamente, em três salas e três corpos das varandas que circundam o edifício do Museu Histórico. O prédio do Museu do Café Coronel Francisco Schmidt foi inaugurado oficialmente em 26 de janeiro de 1957.