Ribeirão Preto registrou na noite de quinta-feira, 18 de outubro, a terceira morte em cinco anos por causa da chamada “rabeira” – quando crianças, adolescentes e até adultos de bicicleta pegam “carona” em ônibus e caminhões. Ronald Gabriel da Silva Barros, de 12 anos, morreu ao ser atropelado por um ônibus do transporte coletivo urbano.
Segundo a Polícia Militar, o garoto subia a rua Vereador Antônio Nogueira de Oliveira, vindo da avenida Monteiro Lobato, no mesmo sentido do ônibus, e foi atingido quando o veículo fez a curva para acessar a rua Comandante Armando Marim. Familiares acusam o motorista de omissão de socorro, mas o Consórcio PróUrbano, grupo concessionário do serviço na cidade, diz que o condutor não percebeu o acidente por causa da iluminação precária e da forte chuva que caía na região do Parque Ribeirão Preto.
Com medo de represálias, o consórcio alterou, entre as 17h30 e o fim da noite desta sexta-feira, as linhas que servem o bairro. Os itinerários foram alterados e muita gente foi prejudicada, porque teve de apelar para roteiros alternativos. A Polícia Civil investiga o caso. A Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp) foi comunicada no início da noite. Familiares do menino confirmaram que ela pegava “rabeira”. Vários moradores afirmam que a prática é recorrente no bairro, inclusive entre adultos.
O comissário do Juizado de Menores de Ribeirão Preto, Marcos Gomes, diz que a única maneira de evitar acidente deste tipo é com fiscalização constante. Ele diz que já promoveu várias blitze com o apoio da Polícia Militar e da Transerp, principalmente na região da avenida Dom Pedro I, no Ipiranga, mas avisa que a prática deveria ser de rotina.
O trânsito no local do acidente de quinta-feira foi interditado para o trabalho da perícia. O ônibus fazia a linha Jardim Maria da Graça. Os policiais militares registraram no boletim de ocorrência informando que a vítima “pegava rabeira” segurando na lateral da porta dianteira. A vítima morreu na hora.
Um representante do Consórcio PróUrbano compareceu na Central de Polícia Judiciária (CPJ) para registrar a ocorrência e entregou a versão do motorista que conduzia o ônibus. Ele confirmou que adolescentes pegaram rabeira na região central da cidade. O motorista teria parado o veículo e reclamado com os garotos, e depois continuou seguindo seu itinerário.
Em relação ao acidente no Parque Ribeirão Preto, o motorista disse ao representante que o local é um trecho pequeno de rua, com iluminação precária, onde ele fez uma conversão à direita e que por este motivo estava devagar e não percebeu nada, nem a presença das crianças, nem o atropelamento. Chovia na hora do acidente. Câmeras e as imagens deverão ajudar no esclarecimento do acidente. O veículo foi levado para o pátio da empresa e passou por perícia da Polícia Civil. Em junho de 2013, um garoto de 13 anos também morreu quando pegava “rabeira” em um ônibus na avenida Ivo Pareschi, no Parque das Andorinhas. Em maio de 2014, outro adolescente de 16 anos morreu da mesma forma no Jardim Procópio.
O Consórcio PróUrbano diz que está dando apoio à família e emitiu nota sobre o acidente com Ronald Gabriel da Silva Barros: “Nós do Consórcio PróUrbano fomos informados sobre a ocorrência ontem à noite e imediatamente colocamos toda a frota a disposição da polícia para a realização da perícia. Os nossos motoristas, que trafegam pelo local, não identificaram a ocorrência. O local informado tem iluminação precária e chovia muito ontem à noite, prejudicando ainda mais a visibilidade.
As rabeiras são um problema em Ribeirão Preto e prejudicam gravemente o transporte. Nossos motoristas são orientados a pararem o ônibus imediatamente sempre que identificarem alguém pegando rabeira e somente seguir viagem após a liberação da traseira. O motorista não tem visibilidade da traseira do ônibus, onde os ciclistas se apoiam e colocam em risco a própria vida. Nós do Consórcio PróUrbano lamentamos profundamente essa fatalidade”.