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Falta jazigo para a baixa renda

ALFREDO RISK

Nem na hora da morte, um dos mo­mentos mais delicados para uma família, há opções em Ribeirão Preto. Se a família não tem jazigo adquirido em um dos ce­mitérios públicos da cidade, não terá es­colha: a saída será pagar bem mais caro, algo em torno de R$ 8,6 mil, no também único cemitério particular da cidade. Uma licitação na Prefeitura para comer­cialização de novos jazigos está suspensa.

O Tribuna apurou que no cemitério particular Memorial Parque dos Girassó­is, o jazigo mais barato, com três gavetas, custa hoje R$ 8.318,84 à vista ou a prazo pode chegar ao valor de R$ 8.640,00, o que corresponde a R$ 2.880,00 por gave­ta e o mais caro pode custar mais de R$ 20 mil, com nove gavetas. Já no Cemité­rio Público Bom Pastor quatro gavetas custava R$ 5.947,66, equivalente a R$ 1.486,91 por gaveta. No cemitério Bom Pastor o jazigo era parcelado em até doze prestações de R$ 550,00.

Os números mostram que enterrar no cemitério particular Memorial Par­que dos Girassóis é muito mais caro. A diferença é 75% maior que no cemitério público municipal do Bom Pastor. Não bastasse isso, as taxas de sepultamento, exumação e manutenção no cemitério particular Memorial Parque dos Giras­sóis também são mais caras em relação ao Cemitério Bom Pastor. No cemité­rio particular a taxa de manutenção se­mestral custa R$ 721,37, enquanto no municipal a anual é de R$ 99,81, uma diferença de R$ 621,56, sem contar que uma é anual e outra semestral.

“Realmente as empresas recebem muitas reclamações de pessoas ques­tionando valores e a falta de comercia­lização de jazigos no Bom Pastor. Infe­lizmente essas famílias não têm o que fazer e nem nós. É um problema do Poder Público, relata Francisco Rosa, presidente da Associação das Empresas de Luto da Região Metropolitana de Ribeirão Preto.

Prefeitura garante sequência na licitação
A reportagem do Tribuna procurou a Prefeitura Municipal para saber a razão da falta de comercializa­ção de jazigos no Cemitério Bom Pastor. Em nota, a Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) informou que “a venda de jazigos está temporariamente suspensa, enquanto a Prefeitura providencia nova licitação para a construção de mais jazigos”.

A reportagem fez novo questiona­mento, uma vez que uma licitação já havia sido aberta e em curso, com uma empresa vencedora. “A licitação está em fase de recurso, sendo que na próxima semana já terá andamento obedecendo os trâmites legais”, informou a CCS em nova nota.

Questionada sobre a falta de comercialização de novos jazigos, a Prefeitura informou que, desde março, “(a comercialização) está suspensa, pois os jazigos estão sendo usados para covas sociais”.

O Tribuna apurou que a licitação prevê a construção de novos 500 jazigos e o Bom Pastor tem capaci­dade para mais 3 mil.

Licitação do Bom Pastor foi questionada pelo cemitério particular
Maurício Ferreira Mendonça, pro­prietário e gestor do Memorial Par­que dos Girassóis, reconheceu que foi a sua empresa que questionou a licitação em vigor no Cemitério Bom Pastor. Segundo ele, “por não respeitar questões ambientais”. Ele, inclusive, defende o fechamen­to do Bom Pastor.

Para Memorial valores estão previstos em edital

ALFREDO RISK

Questionado pelo Tribuna, o proprietário e gestor do Memo­rial Parque dos Girassóis, Maurício Ferreira Mendonça, afir­mou que os valores praticados no cemitério estão dentro do previsto em edital. “Foram valores sugeridos em licitações. Nós fazemos as correções anuais pelo IGP-M”, explica.

Maurício Mendonça, dono do cemitério Parque dos Girassóis, defende o fechamento do cemitério Bom Pastor

Perguntado sobre a razão das diferenças de preços com o Bom Pastor, Mendonça alega que o Parque dos Girassóis “oferece maior qualidade no serviço”. Quanto aos jazigos que ultrapassam R$ 20 mil, ele diz que há descontos e prazos maiores. “Esse plano equivale a três jazigos e nove gavetas. Mas todos os jazigos têm o mesmo padrão, a dife­rença é o número de gavetas”.

Mendonça, claro, é contrário a novos jazigos no Bom Pastor. “A Prefeitura nos vê como concorrentes. Se abrir novos jazigos, o Poder Público vai gastar mais e quem paga somos nós contribuintes. Outro problema é o ambiental, que não é respeitado no Bom Pastor”, finalizou.

Pobre é enterrado como indigente
Se uma família não tem condições financeiras e comprovar receber até dois salários mínimos, a única opção será enterrar o ente querido nos chamados sepultamentos assistenciais (indigentes). Esse serviço é disponibilizado no Cemitério Bom Pastor, porém, é necessário, acompanhamento de técnicos da Secretaria de Assistência Social. Comprovada a falta de renda, a Prefeitura arca com sepultamento e as despesas de funerária.

O detalhe é que os jazigos sociais, determinados para indigentes, são emprestados para família por um prazo de três anos. Depois as ossadas são retiradas e colocadas nos muros do Bom do Pastor.

Cidades optam por soluções modernas
Considerado como uma solução viável para as novas construções de cemitérios no mundo, o cemitério vertical é tido como uma alternativa para cidades do porte de Ribeirão Preto e menores. Além de menor espaço, questões ambientais e financeiras são apon­tadas como diferenciais.

Várias empresas também estão investindo no setor, apresentando projetos inovadores que promovem tecnologias modernas. Uma delas, a Vilatec, apre­senta um sistema que permite a rápida instalação de gavetas e ossuários que garantem segurança e respeito. Por se tratar de um sistema de vanguarda, os equipamentos levam em consideração a utilização de sistemas que respeitam o meio ambiente, tanto na fase construtiva quanto nos sistemas escolhi­dos para execução dos serviços de sepultamento e exumações.

A cidade de Santa Bárbara d’Oeste é um exemplo no estado de São Paulo de quem, para resolver proble­mas ambientais e de falta de espaço, investiu em uma parceria público privada para a construção de um cemitério vertical.

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