Tribuna Ribeirão
Esportes

Parque Permanente – Em busca do tempo perdido

Pela segunda vez neste ano, a Prefeitura de Ribeirão Preto, por meio da secretaria de Tu­rismo, tenta viabilizar a refor­ma do Kartódromo Municipal Antônio de Castro Prado, ins­talado no Parque Permanente de Exposições. Um novo edital de chamamento de parceria entre o poder público e a ini­ciativa privada foi publicado no Diário Oficial nesta sema­na. A recuperação do kartó­dromo faz parte de um pacote que prevê melhorias estrutu­rais no Parque como um todo e nesse primeiro momento visa selecionar projeto de engenha­ria e de execução de obras.

O secretário de Turismo, Edmilson Rodrigues esclare­ce que o parceiro que se inte­ressar por algum dos lotes do edital terá direito de explorá-lo por um prazo correspondente aos investimentos. “A pista, por exemplo, está orçada em R$ 17 mil, mas há em outro, os boxes, com outro valor. Nada impede que uma empresa se interesse por todos os lotes da mesma área”, explica.

Palco da extinta Feira Agropecuária da Alta Mogia­na – Feapam – por mais de três décadas e de grandes shows musicais, o Parque Permanen­te se transformou, desde 1973, quando foi inaugurado, em um dos maiores espaços pú­blicos de Ribeirão Preto, capaz de abrigar grandes eventos. Com 230 mil metros quadra­dos, além de sua vasta infra­estrutura que inclui um pavi­lhão coberto, o local dispunha ainda de pistas para desfile e exposição de gado e equino, inúmeros galpões destinados a abrigar restaurantes, baias, banheiros em alvenaria, entre outras benfeitorias, tudo isso instalado em uma área urba­nizada, com ruas asfaltadas e grandes áreas gramadas para a montagem de estandes nas mais diversas feiras exposições ali realizadas.

Degradado desde que dei­xou de abrigar a Feapam, o Parque Permanente de Expo­sições, na última década, se transformou em uma espécie ‘patinho feio’ que perdeu a sua finalidade e, sazonalmente, re­aparece no cenário para abri­gar grandes eventos musicais.

Dentro dele – e também sofrendo pela falta de conser­vação – está o Kartódromo Municipal, que ocupa área de 30 mil metros quadrados e existe desde o ano 2000, quan­do foi inaugurados às vésperas de Ribeirão Preto completar 144 anos.

 

Parceria deu a Ribeirão uma das melhores pistas
A proposta da recuperação do Kartódromo por meio de parceria com a iniciativa privada é, na verdade, uma volta ao passado. Foi dessa maneira que a pista de 1.004 me­tros de extensão e largura de oito metros foi construída. Ao menos 10 empresas se cotizaram para ceder mate­rial diverso para a construção da pista, a partir de uma proposta do então prefeito Luís Roberto Jábali (PSDB), falecido em 2004.

Coube à Coderp – Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto -, então responsável pela administração do Parque viabilizar o projeto, “desde que a menor parte dos gastos ficassem por conta da Prefeitu­ra” conforme orientação do ex-prefeito.

Em nove meses de trabalho, a partir do projeto idealiza­do por Aldo Biagini, ex-proprietário de um kartódromo particular na cidade, o projeto tomou corpo e começou a tomar forma. Sem dinheiro, a solução foi apelar à iniciati­va privada, que atendeu prontamente aos pedidos.

E o Parque passou a ser invadido por carretas carre­gadas de brita, terra especial para a composição de solo-brita e muita vontade dos funcionários, que até então, nem sequer sabiam o que era um kartódromo. Este, foram, inclusive, conhecer o Kartódromo de São Carlos e de lá vieram com ideias que foram colocadas em prática com sucesso.

Um dos pontos fortes da pista foi o asfaltado de competição, baseado em uma fórmula do químico da Betunel, Eurico Morais, falecido em 2014. Morais foi um dos responsáveis pelo asfalto do autódromo de Jacarepaguá, onde correu a Fórmula 1, e também trabalhou no recapeamento do mítico circuito de Clermont-Ferrand, onde por vários anos foi disputado o Grande Prêmio da França de F1.

A execução foi da RibPav, do Grupo Said, que se utilizou de um asfalto modificado com polímero para dar à pista maior aderência e suportar a tração dos karts, na época com 30 cavalos de potência e 20 mil giros nos motores V4 e Parilla. “Tivemos que trabalhar de forma artesanal para deixar tudo com a máxima qualidade”, diz o enge­nheiro Júlio Paes.

Marcos Gomes: ‘Há muitos jovens com potencial para o esporte’

Pilotos torcem para que proposta saia do papel
O piloto ribeirão-pretano Marcos Gomes é um fervoroso defensor da recuperação do Kartódromo Municipal. Ele lembra que a cidade tem quatro campeões, três deles na Stock Car, com seis títulos, e o de Antônio de Castro Prado, em 1980, na Fórmula Volkswagen. Marquinhos foi campeão da categoria máxima do automobilismo nacional em 2015. O pai dele, Paulo Gomes, o Paulão, conquistou quatro títulos, em 1979, 1983, 1984 e 1995. O outro ficou por conta de Fábio Sotto Maior, em 1988. “Ribeirão merece ter de volta a pista, pois há muitos jovens com potencial para se desenvolver no esporte”, afirma Marcos Gomes.

O pai dele também é outro entusiasta. Paulão quer ver a pista reformada e com boas instalações para as equipes. Ele mesmo se prontifica a vir de São Paulo, onde mora atualmente, para conversar diretamente com o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) e colocar seu prestígio conquistado nas pistas na busca por parceiros. “Naquilo que precisarem de mim estou pronto a colaborar”, disse o ex-piloto.

Paulo Gomes: ‘No que a prefeitura precisar, a prefeitura pode contar comigo’

Para o mecânico de karts, Wil­son Ferreira Júnior, o Wilsinho, a pista de Ribeirão Preto é uma das melhores do país, tanto pelo traçado, pela qualidade do asfalto e pela visibilidade geral. “Apesar de todo abandono, não há nada que se equipare a ela. Se a prefeitura conseguir parcei­ros para a obra, tenho certeza que será uma grande conquista não só para Ribeirão Preto, mas para a região e para o kartismo nacional”, garante.

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