A Catedral Metropolitana de São Sebastião, a Igreja Matriz de Ribeirão Preto, antecipou em pouco mais de três meses a primeira etapa das obras de reforma e restauração – estava prevista para janeiro de 2019. O deslocamento de uma coluna de sustentação na área da secretaria resultou na abertura de uma enorme fenda nas paredes. Orçada em R$ 120 mil, a primeira fase da intervenção pretende reforçar e estabilizar a fundação das salas onde funcionam os serviços administrativos do templo, com a construção de pilares de concreto. Em seguida, paredes, lajes e pilares serão consertados.
A fundação receberá um reforço em áreas de alvenaria, concreto, pilares, laje e vigas porque a construção está afundando. As estacas de concreto devem interromper o afundamento. O prédio da secretaria da Catedral Metropolitana já foi cercado com tapumes e o piso da praça está sendo quebrado para a instalação dos pilares. Essa etapa de obras deve durar entre 30 e 45 dias. Depois, serão mais seis meses para o restante da reforma. O reparo das rachaduras e o “estacamento” da fundação do prédio não irão interferir no cotidiano da igreja.
No total serão colocadas no entorno da igreja – junto ao alicerce – cerca de 140 estacas de 22 metros de profundidade feitas com tubos de aço e cheias de concreto. Não há risco de “colapso”, segundo o engenheiro Marcos Donadon. As obras também contemplam adaptações de acessibilidade e segurança, e reforma dos banheiros na secretaria da Catedral de São Sebastião. A segunda etapa vai tratar do processo de restauro, que envolve praça, elétrica, hidráulica, telhado e forro, mas ainda não há planejamento e orçamento, já que a prioridade é a parte estrutural do prédio.
A nave do templo será a última etapa de obras e a mais cara de todas, uma vez que envolve a restauração das pinturas do artista plástico Benedito Calixto (1853-1927). Além disso, a fundação dessa parte da igreja é mais antiga e exigirá técnicas mais sofisticadas. Em junho, a Arquidiocese de Ribeirão Preto conseguiu autorização do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) – vinculado à Secretaria de Estado da Cultura –, para a realização da primeira etapa da reforma e da restauração da Catedral Metropolitana de São Sebastião.
A autorização para a reforma – que prevê mais duas etapas – foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) de 9 de junho. As outras fases consistem na recuperação da parte hidráulica, na pintura do prédio, recuperação do acervo e na remodelação do paisagismo da Praça das Bandeiras, no entorno da Catedral Metropolitana. Essas obras ainda não foram autorizadas pelo Condephaat.
O início das obras estava previsto para janeiro de 2019, mas foi antecipado. Para as outras fases, a Catedral de Ribeirão Preto precisa ter metade dos R$ 3 milhões necessários para essa fase. Cerca de R$ 1 milhão a Igreja Católica garante já ter pré-aprovado através do Programa de Ação Cultural (ProAC), desenvolvido pelo governo paulista que concede isenção fiscal de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para empresas que investem em projetos culturais.
“Temos a carta de intenções de 30 empresas que demonstraram interesse em participar do projeto e, pelos nossos cálculos, estas colaborações estão próximas de R$ 1 milhão”, disse o pároco da igreja, Francisco Jaber Moussa, popularmente conhecido como Padre Chico, em coletiva no final de junho. Para viabilizar os outros R$ 2 milhões, a Catedral Metropolitana está ampliando as campanhas junto à comunidade.
Denominada de “Mãos que fazem história”, a paróquia pretende arrecadar estes recursos através de rifas, quermesses e doações anônimas dos fiéis. Já sorteou, em 14 de julho, um dos dois Volkswagens Fusca, fabricado em 1994. O outro, fabricado em 1969, vai a sorteio no mês de janeiro de 2019.
Catedral
A Catedral Metropolitana de São Sebastião começou a ser construída no local onde fica atualmente no início do século passado, depois a que a torre da “velha matriz”, na praça XV de Novembro, ruiu. Em 3 de março de 1904 foi novamente lançada a pedra fundamental. Em dezembro daquele ano foram concluídos os alicerces e em maio de 1905 foi celebrada uma missa campal no local.
As paredes foram levantadas entre 1905 e 1908. Em fevereiro de 1909, dom Alberto José Gonçalves tomou posse como primeiro bispo – a cerimônia aconteceu na Igreja São José. Em 21 de março de 1909 ele “benzeu as partes concluídas e a nova Igreja Matriz assumiu o papel de palco maior da vida católica na cidade”.