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Educação, democracia e êxodo

Graças à educação, bem como à ciência e tecnologia que dela decorrem, a civilização humana vive, em termos com­parativos, seus melhores dias. Seja pela inédita qualidade de vida, mensurada pelo acesso a serviços e produtos, seja des­frutando de mais saúde e, em tese, maior potencial de atin­gimento de felicidade do que tínhamos no passado. Durante milênios, a expectativa de vida permaneceu estabilizada em torno de 40 anos. No século XX, ultrapassamos os 70 anos e continuamos, neste século, a avançar significativamente. A busca pela razão, guiada pelo conhecimento, tem assegurado um desenvolvimento acessível a uma parcela cada vez maior da população mundial.

A democracia, em que pesem suas fragilidades, é o que dispomos, contemporaneamente, de mais avançado e justo socialmente. A Constituição Brasileira traz no seu Art. 1o, Parágrafo único, o que segue: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou direta­mente, nos termos desta Constituição”.

Êxodo é o nome dado para a saída de um grupo de pessoas de uma região para outra. É também o título do segundo capítulo da Bíblia, onde é descrita a fuga dos he­breus do Egito, liderados por Moisés, em direção à Canaã, a “Terra Prometida”.

Educação, democracia e êxodo parecem ter marcado um estranho encontro nesta eleição presidencial no Brasil. A polarização política vigente é motivada, principalmente, pela oposição a algo e menos por adesão a determinadas ideias. Ou seja, parcela do eleitorado parece ter mais clareza acerca do que não quer do que o que, de fato, quer. O drama é que por se firmarem mais no “não” do que no “sim”, são eleitores que parecem igualmente tender a sugerir, quase como chanta­gem, a possibilidade de, caso não sejam vitoriosos, abandonar o país. Ainda que emigrar seja um direito individual ou cole­tivo inquestionável, o uso desta chantagem é, definitivamente, pouco educado e, no limite, antidemocrático.

Educação não é somente o alicerce básico da oportuni­dade de um desenvolvimento econômico, social e ambiental sustentável; ela é também a melhor ferramenta para enfren­tarmos momentos complexos e difíceis. Educação política é aprender a conviver com os antagônicos e, especialmente, aprender a respeitar as orientações assumidas via maiorias constituídas. Mesmo quando elas, eventualmente, nos pa­reçam equivocadas e desprovidas de nexo. É hora de lem­brarmos que, ao lado de seus defeitos e limites, a democracia permite, usando seus próprios mecanismos, se corrigir ao longo do tempo.

Escrevendo no abstrato, que a antecedência do fato per­mite, entendo que, uma vez eleitos, mesmo quando, eventu­almente, contrários em temas substantivos para cada um de nós, eles merecem o reconhecimento geral de legitimidade. Sem prejuízo de garantirmos a todos a oportunidade de con­tinuarem defendendo projetos e ideais diferentes dos eleitos. Acima das peculiaridades de breves momentos históricos, por mais relevantes que eles sejam, há a saga de um país que não pode jamais se deixar vencer. Os fatos serão alimentos para uma educação social consistente de uma nação que perma­nentemente aprende, de forma solidária e cooperativa.

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