É o livro um campo de possibilidades estratégicas da política cultural responsável e ética para com a Educação. Enquanto prática pedagógica, sua leitura oral, individual ou em grupo, assim como, a leitura com apontamentos, a leitura realizada individualmente, a leitura socializada, a realização de seminários e a elaboração de projetos de leitura, entre muitos outros, podem ser vistas como estratégias para a construção do conhecimento. Cerne da apropriação da informação, tal prática não se vincula exclusivamente à palavra escrita, mas, principalmente, ao exercício da habilidade oral de cada aluno, conjugada ao uso de como entonar exclamações, interrogações, afirmações, negativas, esperanças, surpresas, medo e alegria. Para isso, pressupõe, do mediador, interesse em abordagens multidisciplinares que incluam, no repertório dos leitores em formação, informações e reflexões sobre as atividades que integram o cotidiano de suas vidas.
Quando um estudante ingressa no ensino fundamental, ao conclamá-lo a ler, professores e mediadores partem do pressuposto de que ele já é um leitor. Entretanto, a verificação do estágio em que se encontra a formação de seu pensamento crítico-reflexivo é fundamental. Somente conhecendo o estágio cognitivo de interpretações e relações que o mesmo efetua, e apresenta, é que um profissional da leitura pode atribuir-lhe tarefas que contribuam para o amadurecimento de sua competência leitora. Neste contexto, incertezas, insatisfações, insegurança e fracasso são sentimentos que surgem tanto no interior de professores, que não sabem se suas orientações surtirão em resultados, como do aluno, que não sabe se irá atingir os resultados que dele são esperados.
Logo, a reflexão do professor acerca do significado da leitura no processo de formação humana deve considerar oportunidades e condições que permitam ao leitor em formação construir novas idéias e, o mais importante, associá-las aos seus conhecimentos, experiências anteriores e experiências vividas junto à família e aos amigos, de modo que, em conjunto, tal reflexão seja, realmente, efetiva. Na ausência disso, constatação, enquanto descoberta de significados pretendidos pelo texto, cotejo, enquanto reação, questionamento, problematização e posicionamento ante as idéias do autor, e transformação, enquanto reflexão sobre os novos aspectos e alternativas que a história lida lhes proporciona para o mundo, não serão atingidos.
A prática pedagógica da leitura pressupõe a participação de professor e aluno para uma real promoção da aprendizagem.