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Justiça vai ouvir Palocci e Jobim na ação dos caças

O juiz federal da 10ª Vara de Brasília Vallisney de Oliveira marcou para dia 20 de novembro depoimentos do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci (Gover­nos Lula e Dilma) e do ex-chefe da Defesa Nelson Jobim (gover­no Lula) na ação penal em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é acusado de suposto tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Nesta ação, o petista, seu fi­lho Luís Cláudio e o casal de lo­bistas Mauro Marcondes e Cris­tina Mautoni, respondem pela acusação de integrarem “nego­ciações irregulares que levaram à compra de 36 caças do modelo Gripen pelo governo brasileiro e à prorrogação de incentivos fiscais destinados a montadoras de veículos por meio da Medida Provisória 627”, durante o go­verno Dilma Rousseff.

Ao marcar o interrogatório, o magistrado relata que Palocci “prestou depoimento onde men­cionou que tinha conhecimento de fatos em investigação neste processo especialmente “atua­ção direta do ex-presidente Lula, como dos caças…”.

No entanto, ponderou. “As de­clarações sucintas e diretas de An­tônio Palocci, que já foi Ministro da Fazenda e depois Ministro da Casa Civil, precisam ser contrasta­das em Juízo com as demais pro­vas, em especial as provas contrá­rias produzidas, sob pena de que palavras soltas, sem os devidos esclarecimentos, possam gerar mais dúvidas com repercussão na verdade processual, pela jun­tada aos autos de depoimento de terceiro em procedimento administrativo ministerial”.

Segundo o magistrado, “Nel­son Jobim, então Ministro da De­fesa do Brasil entre 2007 e 2011, foi ouvido como testemunha no dia 13 de setembro de 2017, e não mencionou que tenha havido alguma reunião que entrou pela madrugada, entre ele, o então presidente Luiz Inácio e o ex-pre­sidente da França Sarkozi, não tendo dito nada sobre assinatura de documento ou protocolo re­ferente ao caça Mirage francês no dia seguinte à reunião, cujo do­cumento teria ficado de posse de Nicolas Sarkozy, como afirmara o ex-ministro Palocci ao Ministério Público Federal (que também dis­sera ao MPF que teria já naquela ocasião teria havido ‘propina’)”.

“Essas declarações de Antônio Palocci estão em manifesta con­tradição com o depoimento da re­ferida testemunha Nelson Jobim, que afirmara em Juízo que era ele na qualidade de Ministro que tra­tava com exclusividade do assunto e que também as decisões sobre os caças eram todas dele como Mi­nistro, e que apenas comunicava ao presidente suas decisões, não tendo havido envolvimento direto do ex-presidente Lula na aquisi­ção dos caças”, escreve.

Para Vallisney, “parece impor­tante que, após a oitiva de Antônio Palocci, e se mantida por ele a sua versão, sejam reperguntados ao Ministro da Defesa, testemunha Nelson Jobim, sobre a referida reunião que teria ‘durado noite adentro’ entre o último, o ex-presi­dente Lula e o Presidente Francês da época Nicolas Sarkozy, e se de fato o representante da França saiu com uma espécie de contrato ou protocolo de compromisso da compra dos caças franceses Mira­ge, um dos objetos deste processo criminal, e ainda se houve alguma menção ou negociação de propi­na nessa reunião”.

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