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Isca de Polícia volta à carga com ‘Irreversível’

Por Julio Maria
Irreversível, sem a possibilidade de volta. Ou, como dizia Itamar Assumpção nas memórias da pupila Vange Milliet, “você fez uma escolha”. O segundo disco autoral do grupo Isca de Polícia, a tropa de choque de Assumpção (morto em 2003), segue com a produção fresca de uma linguagem criada por ele e por sua banda nos anos 80. O primeiro saiu em abril do ano passado, Volume 1. O segundo, Irreversível, vem agora. Os shows serão neste sábado, 8, às 21h, e domingo, 9, às 18h, no teatro do Sesc Pompeia, em São Paulo.

O material inédito produzido pelo Isca é poderoso. Vange volta a aparecer como compositora com heranças do pensamento narrativo dilacerante de Itamar. “Voar com asa ferida / abram alas quando eu falo / O que mais que eu fiz na vida? / Fiz criança quando o tempo estava / Todo ao meu lado / E passado, pesadelo, passatempo / Só existia nos livros …”, ela canta em Asas e Azares, que assina com o poeta curitibano Paulo Leminski, morto em 1989.

A presença de Itamar, como no primeiro disco, é determinante de uma musicalidade descontinuada e de um jeito de contar as coisas sem a preocupação de explicá-las, de ser entendido por um texto de ideias mais sobrepostas do que lineares. Assim, quando ouvimos o brilho dos versos de Chico Cesar, que assina com o baixista do grupo Paulo Lepetit a atrevida Bolino, uma blasfêmia genial, sente-se a diferença poética. Chico diz assim: “Eu não pretendo ensinar padre nosso ao vigário / Nem que ele abandone o seminário / Para me salvar / Ou me bolinar… Eu não vou pedir às freiras / Que autorizem as besteiras / Que eu faço quando estamos juntos / Ou que penso quando estamos separados / Dois doidos, dois tarados, dois danados, degenerados…”

Chico, um dos afluentes de Itamar, tem de seu mestre a procura pelas proximidades fonéticas, mas seu pensamento segue por outros caminhos. Uma nova surpresa apareceria a cada duas palavras. Beleléu Via Embratel, que Itamar compôs em 1981 mas jamais gravou, sai enfim no disco novo. “Já havíamos gravado para o primeiro, mas resolvemos guardar para marcar aquele momento como mais autoral”, diz Vange Milliet. Aparecem ainda Zélia Duncan e Arrigo Barnabé. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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