“Todas as cabeças dessas facções criminosas, que comandam o crime de dentro da cadeia, com a anuência e acordo das autoridades de São Paulo e do Rio de Janeiro, no caso do PCC [Primeiro Comando da Capital] e Comando Vermelho, serão, imediatamente, eu tomando posse, transferidas para presídios federais.”
A promessa foi feita pelo candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, em sabatina realizada pelo UOL, Folha de S.Paulo e SBT, na manhã desta segunda-feira (3). No entanto, especialistas em segurança e investigadores afirmam que a proposta não é tão simples de ser colocada em prática, uma vez que as transferências são feitas judicialmente, e não a partir de uma decisão monocrática do presidente.
Ciro Gomes disse que, se eleito, pretende transformar a segurança pública em federal, desde a investigação até a prisão. “Pretendo dar efetividade ao Susp (Sistema Único de Segurança Pública) e reforçar, muito pesadamente, o orçamento na Senasp \(Secretaria Nacional de Segurança Pública)”, afirmou.
Para ele, a grande “tarefa” é unificar as cabeças da inteligência policial entre as forças estaduais e federais. “A ação será cirúrgica. Ao invés de aparatosa, nós vamos mapear, infiltrar e cortar a cabeça do crime organizado, , uma, duas, três vezes”, disse.
Marcio Sergio Christino, procurador do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) que participou das primeiras investigações sobre o PCC no estado, afirmou que a transferência de líderes de facções para presídios federais pode ser positiva, mesmo que o presidente não tenha esse poder.
Renato Sergio Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, diz “transferir presos é uma decisão do judiciário e é preciso construir uma ação conjunta que leve em consideração esse fato. O presidente, sozinho, não tem força para determinar transferências. Mas ele pode ser o indutor de uma mudança da forma de encontramos problema”, disse.