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O crepúsculo de um ícone

Construído em 1975, passou por inúmeros momentos memorá­veis. Foi o palco de uma das maiores feiras agropecuárias do Brasil, a FEAPAM. Recebeu inúmeros shows. Atualmente o Parque Perma­nente de Exposições de Ribeirão Preto agoniza, fruto do absoluto descaso do poder público. Somente nos últimos meses, quando passou para a tutela de quem deveria zelar por aquele precioso equi­pamento, teve dois incêndios e inúmeros saques. Menos mal, que a Câmara de Vereadores instaurou uma CPI e está apurando o caso.

Enquanto isso, incontáveis prefeitos se acotovelam nos corredores de Brasília a fim de conseguir verbas para cons­trução de centros de convenções, pois sabem da relevância de um local para receberem feiras e eventos.

Ribeirão Preto já tem um, porém em fase terminal.

O turismo, na atualidade, é o maior indutor na geração de em­pregos do mundo. Movimenta mais de US$ 8,3 trilhões de dólares. Estima-se que o turismo gera um a cada cinco empregos diretos.

No Brasil, representa 7,9% do Produto Interno Bruto. Nos próxi­mos anos pode gerar mais de dois milhões de empregos, muito mais do que a energia eólica, telecomunicações e o setor de óleo e gás. Gerou quase US$ 20 bilhões de dólares em investimentos em 2017. Representa 2,3% das divisas que entraram no Brasil no ano passado.

Obteve US$ 5,8 bilhões de dólares em receitas. É o setor que representa 1º lugar na pauta de exportações de serviços e o 8º na pauta geral de exportações. A indústria do Turismo reúne mais de 60 atividades econômicas. Segundo o Fórum Econômico Mundial (FEM) o Brasil é o país mais competitivo do mundo na oferta de recursos naturais para a indústria de viagens.

Com todo o descaso e sem uma política pública condizente com a finada Califórnia Brasileira, o poder público local avaliza a situação falimentar do turismo. Enquanto o Parque é sepultado, a Guarda Municipal que foi criada exatamente para proteger o nosso patrimô­nio, assiste inerte a essa lamentável onda de saques e incêndios.

Tudo isso, sem serem molestados pelo glorioso Ministério Público, o guardião do patrimônio e dos interesses da po­pulação. Agrava-se ainda, que os eventos que poderiam ser captados para a nossa cidade, procuram outras cidades, pois sabem que aqui, não serão bem recebidas.

Questionada formalmente sobre os recursos alocados ao segmento nos anos de 2017 e 2018, a Prefeitura de Ribeirão Preto se mantém silente. Essa situação dos equipamentos enfraquece a imagem da cidade em todo o Brasil e nossos diferenciais como des­tino turístico. Assim, o poder público, ao invés de apoiar, encorajar, manter e estimular o desenvolvimento de produtos turísticos que tragam oportunidades de trabalho, anda na contramão da história.
A ausência de uma política pública adequada para o setor contri­bui para o retrocesso do setor, gerando o desemprego.

Para constrangimento de todos, não bastasse a alta carga tribu­tária que a população paga, a estratégia de sucateamento do parque permanente está clara. A velha estratégia deixa ruir, para que todos pensem que aquilo é dispensável e inútil. Na sequência, joga-se nas costas da iniciativa privada e transfere os descalabros perpetrados contra aquele importante equipamento.

Ou seja, a população arcou com a construção em 1975 e durante 43 anos a Prefeitura usou e abusou do Parque e agora, em 2018, quer devolver para que a iniciativa privada, de novo, reconstrua aquilo que deveria ter sido preservado pelos gestores públicos que nos re­presentam. Além de tudo isso, sabe-se que a pista do Leite Lopes só pode crescer para um lado. Qual lado? O do Parque de Exposições. Claro que se ele for privatizado, o futuro do Leite Lopes estará selado e, jamais será um grande aeroporto.

O desenvolvimento e a eficiência das infraestruturas turísticas e de apoio devem ser tratadas com prioridades pelo governo. Enfim, o Parque Permanente de Exposições que já trouxe muito orgulho e desenvolvimento para a nossa terra, está à beira da morte e o gover­no municipal assiste a tudo isso de forma impassível.

Fontes: WTCC, CNC, Ministério do Turismo, Brasil C&VB,
Banco Central do Brasil, Brasil Convention & Visitors Bureau

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