Tribuna Ribeirão
Política

I convoca motorista de clínica conveniada

A Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara de Ribei­rão Preto, criada para investi­gar possíveis irregularidades e sacrifícios de animais (CPI da Eutanásia) na Coordenadoria do Bem-Estar Animal (Cbea), convocou novamente a chefe do setor, Carolina Vilela, e o motorista Gilson Aparecido Al­ves dos Santos para que prestem depoimento nesta segunda-fei­ra, 3 de agosto.

Santos é motorista da Clí­nica Veterinária Ricardo, que presta serviço de recolhimen­to de animais de grande porte para a prefeitura de Ribeirão Preto. Os depoimentos acon­tecerão às 15 horas, na Sala de Comissões da Câmara de Vereadores. A CPI da Eutaná­sia é presidida por Marcos Papa (Rede Sustentabilidade).

Ele quer informações sobre a eutanásia de um cavalo reali­zada na sexta-feira da semana passada, 24 de agosto, no Jardim Branca Salles, na Zona Oeste. O animal estaria com as patas que­bradas, teria sido abandonado às margens de um córrego próxi­mo ao bairro e teria sido “mor­to” a pedido da Coordenadoria do Bem-Estar Animal.

A CPI quer saber quem re­alizou a eutanásia e quais foram as indicações veterinárias para que ela fosse realizada – existe a suspeita que o procedimento tenha sido realizado por pessoa não habilitada profissionalmen­te. A comissão também solicitou a ficha de atendimento da ocor­rência e o laudo veterinário do animal. “Queremos saber se a eutanásia era necessária, como ela foi feita e quem a realizou”, explica Marcos Papa.

Em entrevista ao Tribuna, o secretário do Meio Ambiente, a quem a Coordenadoria do Bem Estar Animal é subordinada afir­mou que o procedimento obede­ceu todas as exigências previstas. “O cavalo estava nas margens de um córrego com as quatro patas quebradas e a indicação neste caso era a eutanásia”, disse.

Em nota distribuída a im­prensa, a prefeitura diz que “a Coordenadoria de Bem-Estar Animal esclarece que, o animal encontrado no bairro Branca Salles, na última sexta-feira (24), estava com as patas quebradas, em sofrimento. Após ser aciona­da, a empresa terceirizada de re­colhimento esteve no local e foi realizada, por orientação vete­rinária, obedecendo as normas técnicas do Conselho de Medi­cina Veterinária, a eutanásia”.

E prossegue: “Em seguida, a coordenadoria acionou os bom­beiros, que tentaram retirar o animal, sem sucesso. A solução encontrada foi, então, enterrar o animal no local, com auxílio de maquinário do Departamento de Água e Esgotos (Daerp), seguindo as normas da Companhia de Tec­nologia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb)”.

A disputa entre ativistas que atuam em defesa dos animais e a Coordenadoria de Bem-Estar Animal vem desde o início da gestão de Duarte Nogueira Júnior (PSDB). A coordenadora Caro­lina Vilela já depôs duas vezes na Câmara, assim como o médico veterinário Gustavo Cunha Al­meida Silva. Por causa de um desses depoimentos a Comissão Especial de Estudos (CEE) da Eu­tanásia virou CPI.

Em 10 de maio, Almeida Silva disse que a maioria das eutanásias na Cbea não ocorre por causa de fraturas – a coordenadoria está sem aparelho de raio-X desde outubro do ano passado –, e sim devido à cinomose. Os ativis­tas protestaram. Eles dizem que apesar de ser uma doença grave, altamente contagiosa, não é ne­cessariamente fatal. A polêmica entre ativistas e a coordenadoria começou após depoimento pres­tado por Carolina Vilela, em 12 de dezembro, na Câmara.

Na ocasião, ela revelou que o departamento não conta com equipamento de raio-X e, por isso, animais poli-traumatizados (com múltiplas fraturas), em situação de sofrimento extremo, estavam sendo eutanasiados. Almeida Silva diz que todos os sacrifícios seguem a legislação, mas a CPI e as ONGs discordam. No ano passado, segundo o último levan­tamento oficial da Coordenado­ria de Bem-Estar Animal, foram sacrificados 152 cachorros e gatos em 2017, média de três por sema­na, um a cada dois dias e meio.

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