Tribuna Ribeirão
Política

Impasse sobre reajuste da tarifa completa 30 dias

A indefinição sobre o reajuste do valor da passagem de ônibus em Ribeirão Preto completou um mês nesta segunda-feira, 27 de agosto, mesmo dia em que o partido Rede Sustentabilidade, autor do mandado de segurança coletivo que suspendeu o aumen­to de 6,33% – de R$ 3,95 para R$ 4,20, acréscimo de R$ 0,25 – em 27 de julho, também apresentou à 1ª Vara da Fazenda Pública “ma­nifestação à contestação” feita pela prefeitura contra a decisão do juiz Gustavo Müller Lorenzato.

Em sua manifestação, o Rede garante que não se opõe ao in­gresso do Consórcio PróUrba­no como terceiro interessado no assunto – o grupo que reúne as empresas concessionárias do transporte coletivo urbano na ci­dade chegou a entrar com recurso judicial (agravo de instrumento), mas como não era parte na ação, o pedido foi negado antes mesmo de o mérito ser analisado. Agora ele está oficialmente no caso ao lado da administração municipal e do partido político.

No documento, o Rede afirma ainda que o reajuste foi concedido “à sombra da realidade que cer­ca o cidadão, sem ao menos ter a chance de verificar e constatar, se o contrato traduz a melhor opção para o munícipe”. Também pede a revisão do contrato de concessão do transporte público em vigor desde 2012. “À vista da precarie­dade do contrato, é dever do ente municipal revê-lo buscando sem­pre o melhor para o cidadão, e não somente se contentar com as alegações ‘descabidas’ da conces­sionária”, diz.

E prossegue: “Certamente, o contrato de prestação de serviços de transporte público vigente não é a proposta mais vantajosa para a população”. Por força contratual este ano – quinto da vigência do contrato – a administração mu­nicipal tem que realizar análise e revisão da concessão. A partir de agora, o Ministério Público Esta­dual (MPE) tem 15 dias para ana­lisar os argumentos do partido, fazer a análise deles e remeter sua decisão para a Justiça.

Vale ressaltar que o MPE pode se manifestar em menos tempo, o que aceleraria o envio da ação para a 1ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto. Para o vereador Marcos Papa que, em nome de seu partido, o Rede Sustentabi­lidade, impetrou o mandado de segurança coletivo, a decisão, em­bora provisória, é uma vitória da população.

Entretanto, ele ressalva que es­ses trinta dias foram mais do que suficientes para que a prefeitura e a Empresa de Trânsito e Transporte Urbano (Transerp) mostrassem os estudos que embasaram o re­ajuste. “Um percentual acima da inflação e sem explicação técnica convincente”, garante. Até o fe­chamento desta reportagem, o Consórcio ProUrbano não havia respondido aos questionamentos do Tribuna sobre o assunto.

Resumo do impasse
O imbróglio começou no dia 26 de julho com a publicação, no Diário Oficial do Município (DOM), de decreto assinado pelo prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) que autorizou o reajuste da passagem de R$ 3,95 para R$ 4,20. No mesmo dia, o partido Rede impetrou o mandado de segurança coletivo contra o au­mento. No dia 27 o juiz Gustavo Müller Lorenzato, da 1ª Vara da Fazenda Pública, concedeu a limi­nar e barrou o aumento.

Para reverter a decisão, a pre­feitura impetrou agravo de instru­mento no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), mas foi negado no dia 2 pelo desembargador Sou­za Meirelles, da 12ª Câmara de Di­reito Público. O mais recente ca­pítulo aconteceu em 14 de agosto, quando a Corte paulista negou o agravo de instrumento impetrado pelo Consórcio PróUrbano. Na decisão, Souza Meireles afirmou que o grupo ainda não era parte do processo e se antecipou ao re­correr ao Tribunal de Justiça antes das manifestações em primeira instância da prefeitura e do autor do mandado.

Com a terceira decisão favo­rável ao partido Rede Sustentabi­lidade, o reajuste segue suspenso até nova determinação judicial. Em caso de descumprimento será aplicada multa diária de R$ 100 mil a ser revertida ao Fundo Estadual de Interesses Difusos e Coletivos. O PróUrbano diz que a quantidade de passageiros caiu 9% – de 165 mil para 150 mil por dia – e defende reajuste de 19,24%, com aporte de R$ 0,76 e tarifa a R$ 4,71, que seria o ideal segun­do estudos da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O reajuste deveria estar em vigor desde 30 de julho.

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