Nós todos envelhecemos. Os psicometristas, especializados que são na mensuração das habilidades cognitivas, assumem, e ninguém parece discordar, que a competência cognitiva aumenta com a idade até o início da fase adulta. Mas, ao final da vida, o cotidiano não tem se mostrado fácil a ninguém: a incidência da demência na população de 65 anos pra mais alcança os 10%, seis vezes mais elevada do que a incidência na população como um todo. As teorias de desenvolvimento e de envelhecimento afirmam que as pessoas ficam confinadas em nichos, progressivamente, quando envelhecem. Mas, quais tipos de inteligências, ou habilidades cognitivas, degradam com o passar dos anos?
Os psicometristas têm utilizado a distinção entre inteligência fluída e cristalizada para analisar mudanças na inteligência com o envelhecimento. A inteligência fluída envolve trabalhar com as coisas sem basear-se em conhecimento prévio, isto é, as pessoas não necessitam usar qualquer experiência anterior para solucionar problemas originais ou inéditos. Por outro lado, a inteligência cristalizada envolve resolver questões, ou problemas, baseando-se em todo e qualquer tipo de conhecimento armazenado, ou adquirido, ao longo da vida, seja na escola, pela leitura, trabalho, enfim, em todas as arenas da vida. Nesse contexto, quando as crianças amadurecem, elas solucionam melhor os problemas que lhes aparecem (inteligência fluída), bem como, adquirem mais conhecimento (inteligência cristalizada).
Entretanto, há uma clara distinção entre inteligência fluída e cristalizada quando envelhecemos. A fluída declina mais profundamente do que a cristalizada. As habilidades cristalizadas continuam a elevar-se por muitos anos, quando nós acumulamos mais conhecimento, motivo pelo qual costumamos falar que as pessoas se tornam mais sábias com a idade. Ao contrário, quase que repentinamente, por volta dos trinta / quarenta anos, a inteligência fluída declina e continua a declinar. Portanto, o declínio da inteligência é um assunto muito importante por tratar do que acontece às pessoas quando elas desenvolvem, ou não, demência.
No final da vida, há uma redução na habilidade pessoal no que tange à execução de importantes decisões e no desempenho de tarefas cotidianas, tais como, ler rótulos, controlar as finanças e lembrar o horário de tomar medicamentos. Por isso, talvez, no mundo ocidental, que atualmente apresenta elevada população idosa, ativa e mais longeva, os governantes estão mais preocupados com o declínio cognitivo e suas consequências sobre os indicadores econômico-sociais. Algumas tentativas têm emergido das pesquisas sobre o envelhecimento cognitivo. Um exemplo? Parece que encorajar as pessoas idosas a serem mais ativas fisicamente pode ajudar na preservação de sua inteligência fluída. Entretanto, o maior preditor de ainda ser Inteligente na idade avançada é, de modo surpreendente, ser inteligente na adolescência.
Estudo recente mostrou que pessoas aos 92 anos apresentam a mesma inteligência tida aos 11. Isto é, as pessoas que desempenharam bem em testes de inteligência que lhes foram aplicados na adolescência, também o foram no envelhecimento, ou seja, eles apresentaram menos declínio em suas habilidades ao final da vida. A visão psicométrica, portanto, demonstra, claramente, que, o fomento das habilidades cognitivas na infância e na adolescência constitui o segredo para retardar o envelhecimento cognitivo com o passar dos anos.