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Ex-policial é condenado pela 4ª vez

O ex-policial civil Ricardo José Guimarães, apontado pelo Ministério Público Estadual (MPE) como chefe de um gru­po de extermínio que atuou em Ribeirão Preto nas déca­das de 1990 e 2000, foi con­denado por um júri popular nesta quinta-feira, 2 de agosto, a mais 30 anos de prisão pelo homicídio de Thiago Aguiar da Silva, de 14 anos, suspeito de envolvimento em delitos como tráfico de drogas. O rapaz foi morto a tiros 11 de janeiro de 2004, no cruzamento das ruas Comandante Marcondes Salga­do e Florêncio de Abreu, na re­gião central da cidade.

O julgamento durou sete horas – começou por volta das 13h30 e terminou às 20h30. A defesa deve recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), já que o réu alega inocência. Esta foi a quarta condenação de Gui­marães por homicídio – soma­das as quatro sentenças desfavo­ráveis, o ex-policial acumula 206 anos de cadeia e ainda vai res­ponder por mais seis assassina­tos. Ele pode pegar até 300 anos de reclusão. Sobre o caso julgado nesta quinta-feira, no Fórum Es­tadual de Justiça, ele é acusado de, na companhia de mais três pessoas, executar o adolescente.

A suspeita é de que a arma utilizada seja a mesma usada em outros homicídios atribuídos ao ex-policial, que sempre negou todas as acusações feitas pelo Ministério Público Estadual (MPE). Segundo promotor José Gaspar Barreto, a prova de con­fronto balístico comprovou que os projéteis da pistola 765 que Guimarães usou no assassinato da dona de casa Tatiana Assuze­na e no atentado contra o noivo dela, Almir Rogério, meses de­pois da morte de Thiago Silva, eram idênticos.

O ex-investigador também deve voltar a júri popular em Ribeirão Preto pela morte de Thiago Xavier de Stefani, de 21 anos, baleado com dois tiros na cabeça, no Jardim Independên­cia, em 2003. O rapaz foi morto na porta de casa. Na residência dele havia, segundo investiga­ções da época, porções de ma­conha e uma arma. A mãe da vítima sempre negou o envolvi­mento do filho com o tráfico e diz que o rapaz foi executado e os entorpecentes e o revólver fo­ram “plantados” pelo ex-investi­gador, que está preso desde 2007 na Penitenciária de Tremembé.

Em 2004, detido depois da morte de Tatiana Assuzena, fugiu pela porta da frente do presídio da Polícia Civil, em São Paulo.

O julgamento do caso De Stefani estava marcado para ou­tubro do ano passado, mas aca­bou adiado porque outro réu, acusado de executar os tiros, deve ser julgado primeiro ou ao mesmo tempo que ele, de acor­do com as normas do Código de Processo Penal. Em 22 de fe­vereiro, em um júri popular que durou mais de 14 horas, o ex-in­tegrante da Delegacia de Investi­gações Gerais (DIG) sentou-se no banco dos réus pelo assas­sinato da dona de casa Tatiana Aparecida Assuzena, em 24 de março de 2004, nos Campos Elí­seos, Zona Norte.

Catorze anos depois, ele foi condenado a 56 anos em regime fechado e mais dez dias-multa. O ex-policial já havia sido con­denado a 120 anos de prisão por causa de quatro homicídios. Ele sempre negou envolvimen­to com grupos de extermínio e quando assumiu alguma morte disse que foi em legítima defesa, no exercício da profissão.

No dia 11 de julho de 2017, Guimarães foi condenado a 72 anos de prisão pelas mortes de Anderson Luiz de Souza, então com 15 anos, e Enoch de Oli­veira Moura, de 18, em maio de 1996, no Parque Avelino Alves Palma – duas das oito vítimas assassinadas e atribuí­das ao ex-policial. Em 5 de de­zembro, foi condenado pelo 5º Tribunal do Júri da Barra Fun­da, em São Paulo, a 48 anos de prisão pelos assassinatos e ocultação de cadáveres de dois ex-policiais civis, ocorridos em julho de 2005 no Uruguai.

Ele nega participação nos as­sassinatos dos ex-policiais civis do Rio Grande do Sul Ronaldo Almeida Silva e Leonel Jesus Ilha da Silva. Segundo o pro­motor Marcus Túlio Nicolino, o grupo de extermínio agiu em Ribeirão Preto entre 1994 e 2002 e pode ter executado 70 pessoas. Em 1994, a cidade registrou 94 homicídios. Depois, de 1995 a 2002, o balanço sempre esteve na casa dos três dígitos – 119 (1995), 221 (1996), 209 (1997), 222 (1998), 251 (1999), 263 (2000), 202 (2001) e 190 (2002).

Crimes atribuídos a Ricardo Guimarães
Maio de 1996 – mortes de Anderson Luiz de Souza, de 15 anos, e Enoch de Oliveira Moura, de 18, em frente a um bar no bairro Parque Avelino Palma, na Zona Norte
Março de 2002 – Sandro Alberto Lima, o Pezão, assassinado den­tro da Santa Casa de Ribeirão Preto
Abril de 2002 – execução do detento João Paulo Alves da Silva em uma cela no 1º Distrito Policial de Ribeirão Preto
Maio de 2003 – assassinato de Thiago Xavier Stefani, de 21 anos, na casa do rapaz, no Jardim Independência
Janeiro de 2004 – morte de Thiago Aguiar da Silva, de 14 anos, no Centro
Março de 2004 – morte de Ta­tiana Aparecida Assuzena, de 24 anos, nos Campos Elíseos
Julho de 2005 – acusado de executar dois policiais em Santa do Livramento (RS)

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