Tribuna Ribeirão
Economia

Prefeitura terá de pagar RPVs

O Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto (SSM/RP) emitiu nota nesta sex­ta-feira, 27 de julho, para infor­mar que grande parte dos 1.632 processos instaurados para pa­gamento das chamadas requisi­ções de pequeno valor (RPVs) da ação dos 28,35% – referen­te às perdas salariais do Plano Collor (década de 1990) – já têm sentença definitiva a favor dos funcionários públicos que não aderiram ao acordo de novação proposto pela prefeitura.

Além de afirmar que o go­verno já começou a efetuar os depósitos, diz que um montante considerável já teve os valores reconhecidos por decisão ju­dicial transitada em julgado – quando não cabe mais recurso, nem em instâncias superiores. A informação é do advogado Marcel Felipe de Lucena, do Departamento Jurídico da en­tidade. Segundo ele, não resta à administração outra alterna­tiva senão efetuar o depósito integral. Os primeiros lotes, já depositados, referem-se aos va­lores não pagos pelo município nos meses de fevereiro a agosto do ano passado.

Outro advogado do sindi­cato, Lucas Domingues Fuster Pinheiro explica que o procedi­mento até a liberação do dinhei­ro já depositado para os bene­ficiários do acordo dos 28,35% entra agora na fase final, mais simplificada e célere – uma vez que não há mais valores contro­versos em pendência com a Jus­tiça. “A partir do momento em que o ente público já faz o depó­sito, o cartório judicial adotará alguns procedimentos internos para repassar ao credor benefici­ário o pagamento do crédito. O sindicato informará diretamente aos servidores beneficiados”, diz a nota. Também por meio de nota, a prefeitura diz que aguar­dará a decisão judicial.

A coordenadora do Depar­tamento Jurídico do sindicato, Regina Márcia Fernandes, já antecipou que uma nova ação cobrará o pagamento da multa e da correção monetária em todas as prestações atrasadas ou pagas supostamente de forma irregu­lar. A advogada lembra que o juiz titular da 1ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto, Regi­naldo Siqueira, já emitiu despa­cho assegurando ser indiscutível que a inadimplência enseja a aplicação da multa.

A prefeitura defendia a tese jurídica de que a cobrança ju­dicial das parcelas não pagas da chamada ação dos 28,35% não poderia ser através das RPVs (com teto de R$ 9.311,82), e sim através de precatórios, o que impossibilitaria o paga­mento mensal aos beneficiários que não aderiram ao acordo de novação, forçando essas pes­soas a ingressarem com ações judiciais para receber o valor total no ano posterior.

O juiz Reginaldo Siqueira deu despacho favorável a ação do sindicato, reconhecendo a legalidade da cobrança mês a mês. Ou seja: atrasou a parcela de fevereiro, por exemplo, a co­brança judicial por meio de RPV pode ser feita já no mês seguin­te. Insatisfeita com a decisão de primeira instância, a prefeitura entrou com recurso (agravo) no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), mas em julgamento em bloco de vários recursos, a Corte manteve a cobrança mês a mês.

Com o não provimento do recurso, a cobrança judicial por meio de RPVs está mantida. O efeito prático é que todos os ser­vidores beneficiários dos 28,35% não terão que esperar anos pelo pagamento através de precató­rios judiciais. Segundo a prefei­tura, são 4.514 os beneficiários do acordo dos 28,35%, incluin­do servidores da ativa, aposen­tados, pensionistas e herdeiros. Destes, 3.096 (68,5%) aderiram ao acordo de novação, que es­tendeu o prazo de pagamento em 44 meses – ao invés das 18 parcelas que restavam pelo acor­do original, com vencimento em agosto deste ano, passando para dezembro de 2020.

O prazo original previa a quitação da ação de R$ 820 mi­lhões em agosto. O valor das parcelas caiu de R$ 9,1 milhões por mês para R$ 5,6 milhões. Foi aplicado um reajuste de 5,94%. Em maio de 2017, a administra­ção informou que a dívida recal­culada era de R$ 246,24 milhões. Segundo a prefeitura, a novação garante o pagamento de R$ 190,12 milhões dos R$ 236,5 milhões remanescentes.

Laerte Carlos Augusto, pre­sidente do SSM/RP, comemo­rou. Diz que “fica evidente aqui­lo que o sindicato afirmou no início do desastroso caminho do calote adotado pelo governo: a prefeitura sairá dessa aventura devendo mais do que devia aos servidores prejudicados”.

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