Tribuna Ribeirão
Política

Tombamento da 9 de Julho terá audiência

ALFREDO RISK

A prefeitura de Ribeirão Preto informou nesta sexta-fei­ra, 27 de julho, que a anulação do tombamento da avenida Nove de Julho, que cruza vá­rios bairros na região central da cidade, será discutida em audiências públicas durante os debates sobre a revisão do Pla­no de Mobilidade Urbana, uma das leis complementares do Plano Diretor. A polêmica foi levantada pelo vereador Rodri­go Simões (PDT). Ele defende a retirada dos paralelepípedos e o recapeamento da via.

Também propõe, por meio de indicação aprovada na Câ­mara e encaminhada ao prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB), que a administração ingresse com ação na Justiça para anu­lar o tombamento do histórico pavimento da via. Por ser patri­mônio cultural tombado pelo Conselho Municipal de Preser­vação do Patrimônio Cultural (Conppac), os paralelepípedos não podem ser substituídos. Si­mões defende a necessidade de modernização da Nove de Julho.

Segundo ele, a Nove de Ju­lho enfrenta problemas em sua malha viária porque muitos pa­ralelepípedos se soltaram e em outros trechos não existe mais calçamento. A solução ideal se­ria fazer um novo recapeamento asfáltico no local. Entre as rei­vindicações feitas por ele está a avaliação e poda de árvores con­denadas e uma ação conjunta do Executivo, Legislativo e socieda­de civil organizada, com o obje­tivo de reestruturação da rede de saneamento básico, com novas tubulações para água e esgoto e nova pavimentação.

O outro lado
A prefeitura diz em nota que a Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão Públi­ca tem promovido audiências para tratar da revisão do Plano de Mobilidade Urbana e levará os pontos propostos, como a questão do tombamento, para ser debatido nas reuniões. “To­das as avenidas da cidade (as existentes e as novas) serão dis­cutidas nas audiências públicas sob variados aspectos, como a necessidade de duplicação, am­pliação e revitalização, além de paisagismo, calçadas, ciclovias, acessibilidade, iluminação e se­gurança. As audiências devem acontecer entre o final de agos­to e o início de setembro”, diz o comunicado.

Com aos buracos provoca­dos pelo desnível ou falta de pa­ralelepípedos em alguns trechos, a prefeitura esclarece que têm sido realizadas ações pontuais nos locais mais críticos, como a retirada do pavimento, a regu­larização da base com areia e a recolocação dos blocos. A lon­go prazo, a Secretaria de Obras Públicas diz que a Nove de Julho faz parte do projeto dos corre­dores do Plano de Mobilidade Urbana e inclui, entre outras obras, implantação do sistema de drenagem e revitalização.

A avenida Nove de Julho, considerada um cartão postal da cidade, foi planejada pelo pre­feito João Rodrigues Guião em 1921. Os primeiros quarteirões da avenida foram entregues no dia 7 de setembro de 1922, com o nome de avenida da Indepen­dência. A avenida passou a se chamar Nove de Julho alguns anos depois e ganhou prestígio na cidade a partir do início da década de 1950. As residências construídas nas proximidades seguiram, em sua maioria, o es­tilo moderno.

Com o passar do tempo, foi perdendo suas características de área residencial. Ao longo dos últimos 20 anos ela se trans­formou no principal centro fi­nanceiro da cidade e região. É famosa pelas frondosas sibipi­runas. Mesmo com a transfor­mação que sofreu nos últimos 40 anos a avenida manteve suas características que lembram a década de 1950 – os paralelepí­pedos da rua e o calçamento dos canteiros centrais. Ao lon­go de seus pouco mais de dois quilômetros, reúne cerca de 30 bancos, entre comerciais e de investimentos, além de segura­doras, consórcios, bares, restau­rantes, lanchonetes etc.

Conppac
O presidente do Conppac, Anderson Polverel, acredita que a medida de anular o tomba­mento dos paralelepípedos da avenida Nove de Julho pode ter um longo caminho, caso ten­tem colocá-la em prática. Ele diz que anulação do “tombamento não é possível devido a uma lei municipal, e deve se submetido a estudo do Comitê de Tomba­mento do Conppac”.

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