O PDT oficializou, nesta sexta-feira, 20, a candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República na sede do partido em Brasília. Diante da militância e sem a presença de dirigentes de outros partidos, Ciro não improvisou no discurso e continuou mandando sinais ao Centrão – pregando pelo rigor no ajuste fiscal, mudanças na segurança pública e um olhar para classe média. Ainda assim, ironizou as críticas recebidas por suas ideias econômicas e procurou enaltecer a figura de Leonel Brizola como referência de sua campanha.
Logo no início de sua fala, Ciro fez do mote “o Brasil precisa mudar” uma constante do discurso. Cuidadoso, Ciro tentou se mostrar conciliador. “É preciso respeitar as diferenças, fim da cultura de ódio, acabar com o brasileiro sendo ferido por outro brasileiro na internet. Ninguém é dono da verdade.”
Sobre a fama de cabeça quente e explosivo, Ciro também pareceu querer se explicar: “Minha ferramenta é minha palavra, falo 10 horas por dia, cometo erros, mas nenhum deles por desonestidade intelectual.”
Ele não deixou de responder, no entanto, as críticas que recebeu do mercado financeiro por algumas de suas propostas. “Essa gente quebrou o nosso País a pretexto de austeridade. Querem matar o carteiro para que o povo brasileiro não leia a carta”, disse, antes de fazer referência ao montante pago em juros de dívida pública. “Que me persigam, mas somente com juros, este ano, gastaram R$ 380 bilhões. É difícil explicar ao povo, mas a sociedade brasileira está devendo R$ 5 trilhões ao baronato”, complementou.
As referências de Ciro Gomes ao pagamento de juros da dívida é um dos fatores que assusta os agentes econômicos do mercado financeiro e teria provocado um recuo por parte dos partidos que formam o chamado “Centrão”, que negociava aliança com sua campanha.
Após ironizar esse aspecto, Ciro voltou a enfatizar que estará ao lado dos mais pobres e da classe média. O candidato prometeu olhar as contas públicas com lupa. “O governo esfola o povo trabalhador com um sistema de impostos injusto e perverso. Povo e classe média já pagaram demais.”