Tribuna Ribeirão
Economia

Agronegócio repudia tabelamento do frete

MARCELO CAMARGO/AG.BR.

Um grupo de 39 entida­des ligadas ao agronegócio assinaram um manifesto re­pudiando a medida provisó­ria que legaliza o tabelamen­to dos fretes. O texto lembra que, além de já ter elevado o Índice de Preços ao Consu­midor da Fundação Institu­to de Pesquisas Econômicas (IPC Fipe) de junho para a área de alimentos em 3,14% – em abril tinha sido -0,10% –, a medida trouxe danos ir­reparáveis à comercialização da safra 2017-2018, uma vez que os laticínios estão pagan­do 40% mais caro para buscar o leite no produtor e a indús­tria da soja está movimen­tando produtos pagando um frete 30% mais elevado.

Outra consequência ne­gativa do tabelamento do frete será uma queda de 10% estimada nas exportações de milho neste ano, dizem. A vo­tação no plenário da Câmara da MP 832/2018, que trata da tabela do frete, está prevista para esta quarta-feira, 11 de julho. Para as organizações do setor, a legalização da tabela seria uma “grande irresponsa­bilidade”.

Fora os efeitos imediatos do tabelamento do frete, a nota das entidades sustenta que o pior ainda está por vir. Segundo elas, a safra de grãos 2018-2019 precisa ser planta­da entre setembro e novem­bro deste ano e não se faz uma safra de mais de 200 milhões de toneladas sem fertilizantes. Ocorre que o tabelamento do frete não só impediu o produ­tor rural de comprar o insumo no calendário correto, como também está impondo custos muito mais altos.

Alertam, nesse sentido, que a safra a ser colhida em 2019 terá custos de produção muito mais elevados, o que significa elevação mais acen­tuada dos preços dos alimen­tos ao consumidor final, com reflexos negativos sobre a in­flação. Ainda conforme o co­municado, todos os esforços dos vários representantes do agronegócio propondo alte­rações ao texto “não sensibi­lizaram” o relator da matéria, deputado Osmar Terra, que manteve o texto sem mudan­ças significativas em compa­ração à MP enviada ao gover­no federal em maio.

A nota conclui que o ta­belamento de frete obriga o setor produtivo a arcar, via aumento dos custos do frete, com as “ineficiências criadas pelo governo federal” no se­tor de transporte rodoviário de carga. Em função disso, as 40 entidades se recusam a dar apoio a este tabelamento e so­licitam que os parlamentares não aprovem a MP.

Uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) e a falta de consenso entre os deputados da bancada rura­lista podem adiar a votação da MP do frete (832) e jogar a decisão para depois do re­cesso parlamentar, que tem início na próxima semana. O deputado federal Evandro Gussi (PV-SP) entrou com uma ação no Supremo Tribu­nal Federal (STF) para tentar suspender a aprovação do parecer da Medida Provisória (MP) 832 pela Comissão Es­pecial no Congresso Nacio­nal, na semana passada.

A MP estabeleceu preço mínimo para o frete rodovi­ário. O processo está com a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, responsável por despachar sobre pedidos que chegam ao STF durante o recesso. Paralelamente, a bancada ruralista não chegou a um consenso sobre o proje­to após horas de reunião. No entanto, o relator Osmar Ter­ra (MDB-RS) tentava incluir a MP na pauta desta terça-feira – não havia definição até o fe­chamento desta edição.

Entre as entidades que assinam a nota de repúdio estão a Associação Brasilei­ra de Agronegócio (Abag), Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cí­tricos (Citrus BR), Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), Socieda­de Rural Brasileira (SRB) e União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única).

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