O presidente da Companhia Habitacional regional de Ribeirão Preto (Cohab-RP), Nilson Rogério Baroni, revelou na tarde desta terça-feira, 3 de julho, durante sabatina realizada em sessão extraordinária na Câmara de Vereadores, que a dívida da empresa com a Caixa Econômica Federal é de R$ 134 milhões. O debito é antigo, remonta à década de 1980 e é resultado de contratos de financiamentos cujos pagamentos só terminarão em dezembro de 2026. Ele também revelou que administra um déficit mensal de R$ 500 mil, fruto de receitas de R$ 1,7 milhão e despesas de R$ 2,2 milhões.
Como não tem recursos próprios para efetuar o pagamento, as parcelas estão sendo quitadas com recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), graças a um acordo assinado em 2008 com a credora pela administração do ex-prefeito Welson Gasparini (PSDB). Até o momento, já foram retidos pelo banco estatal R$ 76,927 milhões dos recursos do FPM que a prefeitura de Ribeirão Preto teria direito.
Questionado sobre os motivos que levaram a prefeitura a assumir sozinha o pagamento desta dívida, Baroni explicou que esta decisão foi tomada em outra administração, mas que foi feita dentro da legalidade. Vale ressaltar que Ribeirão Preto é dona de 51% da Cohab-RP e os 49% restantes pertencem a 21 municípios da região e a 20 pessoas físicas. Para os vereadores, essa “sociedade obrigaria os outros proprietários da companhia a ajudarem no pagamento da dívida”.
Um projeto de lei do Executivo aprovado neste mês pela Câmara permitirá que a Cohab -RP devolva parte destes recursos para a prefeitura. Para isso, a companhia repassará ao município 13 terrenos, avaliados em R$ 53 milhões. As áreas, segundo Baroni, deverão ser usadas para a construção de moradias através do Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.
Fechando as torneiras
Para tentar diminuir o déficit mensal da Cohab-RP, Nilson Baroni diz ter fechado as torneiras. Para isso reduziu o número de funcionários, de 121 para 62 (ou 59 a menos, redução de 48,7%), baixando o valor da folha de pagamento de R$ 1,5 milhão para R$ 750 mil por mês, corte de 50%. Mesmo assim a empresa continua no “vermelho” com uma receita mensal de R$ 1,7 milhão contra uma despesa de R$ 2,2 milhões, déficit mensal de R$ 500 mil. “Estamos trabalhando para diminuir este déficit e todas as medidas neste sentido estão sendo tomadas”, afirmou Baroni.
Câmara vai instalar CPI da Cohab-RP
Apesar das explicações e para tentar entender em profundidade o tamanho do rombo da Companhia Habitacional Regional de Ribeirão Preto (Cohab-RP), os vereadores aprovaram a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com base em requerimento de Renato Zucoloto (PP).
A CPI da Cohab-RP foi aprovada antes da convocação do presidente Nilson Rogério Baroni para dar explicações na sessão extraordinária desta terça-feira (3). Mesmo com a visuta dele ao Legislativo, o autor da proposta garante que a comissão será efetivada na próxima semana, antes do recesso do Legislativo.
Lava Jato – Durante a sabatina o vereador Lincoln Fernandes (PDT) saiu do tema sobre o qual Nilson Baroni foi convocado e perguntou sobre o fato dele ter sido citado e estar sendo investigado pela Operação Lava Jato.
Nilson Baroni foi alvo de mandado de busca e apreensão da Operação Pedra no Caminho, braço da Lava Jato que investiga fraudes na licitação das obras do Rodoanel pela Dersa S/A. A Polícia Federal esteve em seu apartamento atrás de documentos da época em que ele foi diretor da Desenvolvimento Rodoviário S/A.
“Tenho profunda admiração e respeito pelos vereadores e o que tenho a declarar é que os fatos estão sendo apurados pelas autoridades competentes e para que as responsabilidades devidas sejam encontradas”, afirmou Baroni.