Tribuna Ribeirão
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Larga Brasa

Traquinagens estudantis e punições
Na região havia uma grande cidade que se desenvolvia rapida­mente. Possuía escolas públicas muito boas de onde os alunos formados poderiam enfrentar qualquer vestibular, sem cursinhos, que eram aprovados. Para ali frequentarem, os alunos faziam um cursinho que os gabaritava ao exame de ingresso que era muito ri­goroso. Todos os professores também levavam muito a sério o ma­gistério e, às vezes eram considerados rigorosos demais. Os próprios servidores da escola possuíam atitudes dentro de um padrão em que não havia distinção entre filhos de ricos e de pobres. As carteiras com os carimbos de presença eram cuidadosamente fiscalizadas com re­cados aos pais, caso houvesse reunião ou não cumprimento das regras por parte do chamado corpo discente.

Professoras intransigentes
Duas professoras irmãs davam aulas no colegial. As duas viviam com suas famílias em um grande casarão que era orgulho do pas­sado daquela urbe. Grades altas com lanças pontiagudas e um estilo próprio. Eram muito respeitadas e levavam a sério a missão.

Adolescentes
Os alunos eram jovens adolescentes com a natural explosão hormonal que os deixava inquietos durante as exposições das matérias. Eram considerados, às vezes, ousados e chamados a atenção quando exorbitavam na conversa com o “vizinho” ou ou­tras ações consideradas inadequadas. A professora chamava a atenção em uma oportunidade, em outra e na terceira o “infrator” era colocado para fora da aula para conversar com uma Orien­tadora Vocacional etc. e tal. Certa feita, uma das irmãs acordou fora do normal, muito nervosa. Estava no final do ano e a tarefa havia sido exaustiva. Os alunos da sua matéria estavam indóceis e não paravam de falar alto, comentar sobre futebol e outros as­suntos da época. Por mais que a mestra falasse, não conseguia cobrir o alarido persistente. Com um rompante gesto ela bateu na mesa com o apagador e deu o veredito: “Amanhã os senho­res terão prova com toda a matéria dada até esta data”. O mês era o de outubro e praticamente o ano todo deveria ser avaliado. Não havia meios de se repassar a matéria. Tentou-se convencer a professora de que não fariam mais aquela desobediência e que seriam diferentes dali para frente. Nada. Ela foi irredutível. Sete horas da manhã do dia seguinte seria avaliado o conhecimento de um extensa matéria. Os alunos ficaram aturdidos e combina­ram conversar com a mestra logo após a aula. Negativo. Ela iria dar a prova e ponto final.

Traquinagem feita e punida
Na manha seguinte os alunos que haviam passado a noite estu­dando, repassando as matérias, estavam tresnoitados aguardan­do a chegada da professora. Ela era pontual. Não perdia aula por nada. Depois de quase duas horas, todos estavam intrigados com a ausência daquela que iria punir a todos com a prova, chegou a notícia: “Ela não conseguiu sair de casa pois os portões esta­vam trancados e não conseguiu abrir as fechaduras. “Chamaram chaveiros, vizinhos tentaram todas as fórmulas para que se desse oportunidade de a professora sair, até uma escada foi oferecida para ela pular as grades. Não houve maneira de ela ir ao trabalho. Pela pri­meira vez ela faltou.
Descobriu-se ao depois que um aluno mais au­dacioso e menos estudioso havia ido à madrugada e colocado cola nas duas fechaduras dos portões, impedindo que fossem abertos. Foi um escândalo na escola. O aluno foi descoberto. Não era difícil prever quem havia sido o autor da traquinagem. Foi punido e trans­ferido de escola. A história ficou marcada na memória daqueles que conviveram naquela época de ouro do ensino em que os alunos respeitavam aos que ministravam as aulas e cuidavam da edu­cação. A punição foi exemplar e a própria professora conversou com seus pupilos remarcando a data para a prova castigo.

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