A ciência evolui quando hipóteses e teorias são comprovadas por meio de experimentos ou observações práticas. É o caso de um estudo feito por astrônomos da Universidade de Portsmouth, que observaram uma galáxia vizinha à Via Láctea para validar as proposições de Albert Einstein no início do século XX sobre a Teoria da Relatividade Geral. Esse foi o primeiro estudo que coloca à prova as ideias do gênio em um ambiente externo à nossa própria galáxia.
A galáxia utilizada para isolar o fenômeno para a abservação foi a ESO325-G004, que fica a apenas 500 milhões de anos-luz de nós. Em termos cósmicos, isso é logo ali. Apelidada de E325, a galáxia eclipsou um segundo sistema estelar e isso fez com que a luz emitida fosse forçada a seguir o caminho ondulado criado pela atração da E325 sobre a segunda galáxia, que operou como uma lente gravitacional.
“A relatividade geral prevê que objetos massivos deformam o espaço-tempo”, diz o astrônomo Thomas Collett, pesquisador da Universidade de Portsmouth. “Isso significa que quando a luz passa próxima a outra galáxia, o caminho da luz é desviado”.
Antes de serem observadas pelos telescópios que temos acesso hoje, como o Very Large Telescope (VLT) ou o Hubble, sabíamos que as lentes gravitacionais são formadas devido à distorção no espaço-tempo quando um corpo extremamente pesado, como uma galáxia inteira, está presente entre um objeto e seu observador, influenciando no processo perceptivo.
Desde 1915, quando Einstein falou sobre a Teoria da Relatividade Geral, cientistas se esforçaram para comprovar as hipóteses em testes de alta precisão, mas sempre dentro do nosso próprio Sistema Solar. Esta é a primeira vez que as propostas são testadas em um ambiente não apenas mais distante de nós, mas também com elementos de maior massa.
Os cientistas utilizaram dados obtidos pelo telescópio VLT para medir a velocidade que os astros se deslocavam na E325, a fim de inferir qual seria, aproximadamente, a massa da galáxia. Em seguida, compararam o resultado com as imagens de lente gravitacional captadas pelo Hubble da NASA, o que comprovou em 9% que a Teoria da Relatividade Geral está correta, mesmo para sistemas além da Via Láctea.
Apesar de 9% parecer uma porcentagem pequena de confirmação de uma teoria tão complexa, Thomas Collett, o coordenador do estudo, se mostrou satisfeito com os achados científicos de sua equipe. “Trata-se do teste extrassolar mais preciso até hoje da relatividade geral, a partir de uma só galáxia”, declarou.
O fenômeno de lentes gravitacionais foi observado ao alinhar ambas as galáxias no campo de visão dos telescópios, fornecendo diversas imagens de fundo. “Se soubermos a massa da galáxia em primeiro plano, então o que separa as várias imagens nos diz se a relatividade geral é a teoria correta da gravidade em escalas galácticas”, afirmou Collett.
Fonte: Science Alert / Canaltech