Tribuna Ribeirão
Geral

Ribeirão Preto 162 anos – Manifestação civilizatória

Nicola Tornatore

Ribeirão Preto está come­morando oficialmente 162 anos, mas o início do proces­so que deu origem a cidade vai completar em novembro 173 anos. Pois foi em 2 de no­vembro de 1845 que os pio­neiros fincaram, numa parte da fazenda das Palmeiras, perto do Rio Pardo, uma cruz de madeira – ali se pretendia construir uma igreja e fazer surgir uma povoação.

Não deu certo e a povo­ação acabou nascendo anos depois, em 1856, entre ou­tros dois cursos d’água – o ribeirão Preto e o córrego do Retiro. Até 2003, na base da cruz de cimento que sinali­za o local exato onde ficava a primeira cruz de madeira existia uma placa, colocada pela Prefeitura, com a frase: “Marco da 1ª manifestação civilizatória de Ribeirão Pre­to”. A placa, de ferro, foi fur­tada em 2003.

Esse é o passado mais re­moto da história de Ribeirão Preto. Aquela missa campal, ao redor da cruz de madeira, celebrada pelo vigário de São Simão, é o primeiro registro histórico de um processo que só vai terminar em 12 de abril de 1871, quando Ribeirão Pre­to deixa de ser uma vila de São Simão e se torna uma cidade.

E ainda resta uma lem­brança daquela “manifestação civilizatória”. O Museu His­tórico guarda (ou guardava) uma lasca da cruz original, como informou o ex-diretor dos museus municipais José Pedro Miranda, em artigo pu­blicado na imprensa local:

“Em 2 de novembro de 1845, no Bairro das Palmei­ras, era fincada uma cruz, de madeira, inciando-se o processo que se arrastou por quase 11 anos, para a forma­ção do patrimônio da capela de São Sebastião. A referi­da cruz resiste até por volta de 1853. Parte da mesma se encontra em exposição nos museus municipais, em uma redoma de vidro, no nicho de um oratório da família Emboaba. Por volta de 1954 foi colocada uma segunda cruz, de cimento, que resis­tiu por algum tempo, e em 2 de novembro de 1975, no 130º aniversário da primeira missa campal, foi colocada uma terceira cruz, por dom Bernardo José Bueno Miele, arcebispo metropolitano de Ribeirão Preto”.

Há pouco mais de dez anos, o repórter localizou a lasca de madeira na “reserva técnica” do Museu Histórico. Tinha cerca de 20 centímetros de compri­mento e estava conservada em uma redoma de vidro. A relíquia era guardada, há anos, num cô­modo escuro e úmido, em meio a ferros de passar roupa do iní­cio do século passado. O local ficava nos porões do prédio do museu, cuja equipe não tinha a menor ideia do que era aquele pedaço de madeira velha.

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