A Comcast oficializou nesta semana sua proposta de compra da 21st Century Fox, adicionando emoção a uma negociação que já era dada como certa em favor da Disney. Para adicionar pimenta à questão, a gigante das telecomunicações americana não apenas confirmou sua proposta, como também ofereceu US$ 65 bilhões, um montante bem maior que o da rival.
A ideia também seria mais vantajosa. Enquanto a Disney trabalha com um valor de US$ 52,4 bilhões baseado em ações, a Comcast teria colocado à mesa uma proposta em dinheiro, pagando US$ 35 por ação, um incremento de 19% em relação à oferta feita pela empresa de Mickey Mouse. É dada, então, a largada para um processo de decisão que parece depender, agora, da visão dos executivos da Fox.
Uma reunião sobre o assunto está marcada para 10 de julho e deve reunir acionistas majoritários da companhia, bem como seus executivos-chave, para deliberações sobre o tema. E, desde já, em comunicado oficial, a Fox já confirmou que vai considerar a proposta da Comcast, apesar de muitos de seus principais nomes, pelo menos de acordo com os rumores, estarem mais favoráveis a seguir o caminho indicado pela Disney.
Isso se deve ao fato de que a decisão vai além de termos simplesmente financeiros, tendo a ver também com questões regulatórias e de controle. Se as autoridades econômicas dos Estados Unidos já estavam preocupadas com possíveis monopólios de mídia pela fusão entre Fox e Disney, esse trabalho deve ser ainda mais complicado com a entrada da Comcast na negociação.
Isso porque a gigante já é dona da Universal e também de canais e propriedades intelectuais da NBC. Além disso, a companhia tem uma parcela de 30% no Hulu, sistema de streaming de séries que não está disponível no Brasil mas é um dos grandes concorrentes da Netflix nos EUA. Com a compra da Fox, a Comcast passaria a ter 60% da empresa, assumindo, então, controle majoritário sobre ela.
Seria uma entrada com tudo em um dos serviços de streaming mais proeminentes do hemisfério norte. Hoje, a Comcast recebe apenas dividendos do Hulu, como parte dos acordos da compra da Universal, finalizada em 2011. Em setembro, porém, o acordo vence e a Comcast passa a fazer parte da mesa diretora da plataforma. Se comprar a Fox, então, a gigante passaria a ter domínio total sobre a empresa.
De tais questões, então, surge a ideia de que o governo americano poderia não aprovar uma compra pela Comcast. Os executivos da telecom parecem dispostos a seguirem adiante com a proposta apesar de tais desafios, mas resta a questão quanto ao outro lado, em relação ao aceite da oferta.
Sobre tudo isso, a Fox disse apenas que vai buscar aconselhamento legal externo e consultorias financeiras. A empresa também negou os rumores de que adiaria a votação marcada para o dia 10 de julho. Enquanto isso, a Disney se mantém calada sobre a proposta da rival, mantendo em pé sua oferta original de mais de US$ 52 milhões.
Se confirmada, a compra da Fox pela Comast será a 16ª maior da história e também a terceira colocada no ranking das empresas de mídia. O negócio marcaria também a segunda entrada da Comcast no ranking das dez mais, com a compra da britânica Sky, no valor de US$ 41,4 bilhões, a sexta nessa lista.
Fonte: The New York Times