Tribuna Ribeirão
Política

Cadastro rende R$ 8,13 mi à Cohab-RP

Parceria entre a Compa­nhia Habitacional Regional de Ribeirão Preto e a Construtora Pacaembu, para apoio à comer­cialização de 4.873 moradias populares do Residencial Vida Nova Ribeirão, rendeu R$ 8,13 milhões à Cohab-RP, dinhei­ro utilizado no pagamento das verbas rescisórias dos funcioná­rios que aderiram ao Programa de Demissão Voluntária (PDV) lançado no ano passado.

O Residencial Vida Nova Ri­beirão, com 6.991 casas térreas não geminadas, está sendo implantado na Zona Noroeste de Ribeirão Pre­to, na altura do quilômetro 332,5 do Anel Viário-Contorno Norte. As casas estão sendo comerciali­zados a partir de R$ 119 mil por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.

No ano passado, segundo dis­se à época o secretário de Governo e da Casa Civil, Nicanor Lopes, a Cohab-RP assinou contratos com várias construtoras para fornecer os dados das mais de 63 mil pes­soas da “fila da casa própria”. Para cada indicado que adquirir um imóvel dos empreendimentos populares lançados pela iniciativa privada, a prefeitura recebe 1,5% do valor da venda.

Lopes confirmou à época que a Cohab-RP havia fechado parce­ria com “várias construtoras”, ci­tando a MRV, a Pacaembu e a Vit­ta. Segundo ele, não há nenhum problema em vender dados dos candidatos a mutuários sem con­sentimento prévio. “Fazemos tudo dentro a legalidade”, disse.

Na prática, a companhia esta­beleceu uma nova fonte de receita com custo zero, além de tirar mui­ta gente do sufoco – a Cohab-RP não tem condições de bancar con­juntos residenciais com recursos próprios. A empresa de economia mista, da administração indireta, vinculada a Secretaria Municipal de Governo, está sendo remune­rada apenas por compartilhar o banco de dados com 63.057 pes­soas – dados de 26 de setembro.

São 37.506 do cadastro tradi­cional e outras 25.551 que se ca­dastraram pela internet. A Cohab­-RP não tem gasto algum – não dá o terreno, não subsidia o valor do imóvel, não organiza mutirão, não fiscaliza a obra, apenas fornece as informações dos milhares de mo­radores que esperam por uma casa própria, e que agora têm a oportu­nidade de realizar o sonho.

A pedido do Tribuna, a Coor­denadoria de Comunicação Social (CCS) da prefeitura divulgou a se­guinte nota, assinada pelo diretor financeiro-administrativo Felipe E. Miguel, sobre a venda do ca­dastro da Cohab-RP em apoio à comercialização de unidades ha­bitacionais de interesse social, que são aquelas contempladas pelo Programa Minha Casa, Minha Vida do governo federal:

“A Companhia Habitacional Regional de Ribeirão Preto (Co­hab-RP), entre os anos de 2017 e 2018, firmou parcerias com cons­trutoras para o apoio à comercia­lização de unidades habitacionais de interesse social, nos termos das portarias Cohab-RP nºs 10/17, 15/17 e 05/18.
O questionamento faz alusão ao apoio à comercialização de unidades habitacionais de um em­preendimento específico, sendo que esta companhia firmou dois contratos para tal empreendimen­to, contemplando 4.873 unidades, com a geração de receita de R$ 8,13 milhões, que foram im­prescindíveis para o custeio de verbas rescisórias da redução do quadro de funcionários da com­panhia. Importante ressaltar que as portarias e todos os contratos de apoio à comercialização estão disponíveis integralmente, desde a data de sua assinatura, no sítio eletrônico da Cohab-RP, com to­tal transparência”.

Convocação – Na sessão desta terça-feira (5), a Câmara aprovou o projeto de resolução da Mesa Di­retora e convocou o presidente da Cohab-RP, Nilson Rogério Baroni, para prestar esclarecimentos sobre a divida de R$ 72 milhões da com­panhia com a Caixa Econômica Federal que tem a prefeitura como garantidora), herança da adminis­tração Dárcy Vera (sem partido). A ideia da convocação foi venti­lada depois que a prefeitura enca­minhou ao Legislativo projeto que autoriza o Palácio Rio Branco a re­ceber terrenos da companhia para abater a dívida.

Apesar da polêmica, o projeto foi aprovado. A proposta também autoriza a prefeitura a doar os terrenos para o Fundo de Arren­damento Residencial (FAR) do banco estatal para a construção de conjuntos habitacionais destina­dos a famílias de baixa renda, com renda entre um e 1,5 salário mí­nimo (de R$ 945 a R$ 1,43 mil) – faixa 1 do Programa Minha Casa, Minha Vida. Os terrenos doados devem receber um total de 1.904 moradias destinadas a famílias de baixa renda.

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