Tribuna Ribeirão
Cultura

RP recebe festival de cinema francês

A partir desta quinta-feira (7) e até 20 de junho, salas de exibi­ção espalhadas por 63 cidades brasileiras recebem o Festival Va­rilux de Cinema Francês de 2018 com seus 21 filmes participantes, sendo 20 longas-metragens da nova safra da cinematografia francesa e um clássico: o famoso “Z”, de Costa-Gavras. Em Ribei­rão Preto, as sessões serão na sala da rede Cinépolis no Shopping Santa Úrsula, na rua São José nº 933, Higienópolis, região central.

O clássico do Festival Vari­lux 2018 é um marco do cinema político mundial: “Z”, de Costa­-Gavras. Completando 50 anos de sua filmagem, o filme-denúncia foi inspirado no assassinato do de­putado pacifista grego Lambrakis, cuja investigação foi escandalosa­mente encoberta por uma rede de corrupção e ilegalidade. O roteiro, escrito por Costa-Gavras e Jorge Semprún, retrata o período de in­cubação do fascismo e das ditadu­ras militares e revela a fragilidade da democracia diante da mentira como método de governo e da passividade cômoda do povo.

A edição deste ano contará com 20 longas-metragens iné­ditos e passará por 88 cidades do país. Entre as produções está a comédia “O retorno do herói”, de Lauren Tirard, co­nhecido por ter dirigido lon­ga dos personagens “Asterix e Obelix”. Já para quem gosta de terror, a sugestão é “A noite que devorou o mundo”, do diretor Dominique Rocher (II), que conta a história de Sam (An­ders Danielsen Lie), que tenta sobreviver em uma Paris do­minada por zumbis famintos.

Outro destaque é o docu­mentário “A busca do Chef Du­casse” (“La quête d’Alain Ducas­se”), dirigido por Gilles Maistre, que narra a passagem do chefe Alain Ducasse pelo Brasil, e suas experiências em uma plantação de cacau na Bahia e em um res­taurante comunitário no Rio de Janeiro. A programação com­pleta e a grade com os horários e salas de exibição de cada filme estão no site do festival (http://variluxcinefrances.com/2018). No ano passado, o evento teve recorde de público e levou mais de 180 mil pessoas aos cinemas, um crescimento de 15% em re­lação a 2016.

O público terá a oportuni­dade de assistir aos mais novos trabalhos de cineastas, astros e estrelas consagrados e também de premiados jovens talentos que imprimem diversidade e originalidade ao cinema francês. Entre as produções, destacam­-se três filmes da nova geração francesa de cineastas, designa­da várias vezes pela crítica de “nouvelle guarde”: “Custódia” (“Jusqu’à la garde”), de Xavier Legrand, que acompanha a dis­puta entre um casal pela guarda do filho. O longa foi vencedor do Prêmio de Melhor Direção e Melhor Primeiro Filme no Fes­tival de Veneza.

“A excêntrica família de Gas­pard” (“Gaspard va au mariage”), de Antony Cordier, comédia me­lancólica sobre o adeus à infân­cia, desejo e tempo. “O poder de Diane” (“Diane a les Épaules”), de Fabien Gorgeart, em que uma mulher concorda em gerar o filho de um casal de amigos homossexuais, abordando com humor e ternura a temática dos novos modelos familiares.

Também obras de jovens cineastas, dois filmes de gênero pouco comum na França têm como cenário uma Paris pós-ca­taclismo. Além da sátira social de “A noite devorou o mundo”, na mesma veia está “O último suspiro” (“Dans la brume”), do quebequense Daniel Roby, mostra uma família tentando se salvar após uma contaminação química, com Romain Duris no papel principal.

Será apresentado o último filme de François Ozon: “O amante duplo” (“L’amant Dou­ble”), um thriller exibido na se­leção oficial do Festival de Can­nes com a bela Marine Vacth em romance erótico com Jérémie Renier, que desempenha duplo papel na trama. O ator também estará no festival como diretor pois assina, ao lado do irmão Yannick Renier, a direção do suspense “Carnívoras” (“Carni­vores”), sobre a relação conflitu­osa de duas irmãs atrizes.

A cinebiografia “Gauguin – Viagem ao Taiti” (“Gauguin – Voyage de Tahiti”), de Edouard Deluc, traz Vincent Cassel no papel do artista em seu autoe­xílio no Taiti, onde encontra sua musa Tehura, tema de suas mais importantes pinturas, e local no qual enfrenta solidão, pobreza e doença. Já o drama LGBT “Mar­vin”, mais recente longa de Anne Fontaine, conta com a atuação de Finnegan Oldfield, um dos jovens atores atuais mais cotados na França. No longa-metragem, ele ainda contracena com a con­sagrada atriz Isabelle Huppert, que interpreta ela mesma.

O histórico “Troca de Rai­nhas” (“L’échange des Princes­ses”), ambientado em 1721, con­ta a história da troca de princesas entre França e Espanha para manter a paz entre os dois reinos e traz no elenco os emblemáticos atores franceses Lambert Wil­son e Olivier Gourmet. Pierre Niney, reconhecido especial­mente por sua interpretação em “Yves Saint-Laurent”, poderá ser visto atuando como filho de Charlotte Gainsbourg no filme “Promessa ao amanhecer” (“La Promesse de l’aube”), adaptado do famoso romance do reno­mado escritor francês Romain Gary, que foi o único vencedor de dois Prêmios Goncourt.

Um dos mais populares atores franceses, o veterano Daniel Auteuil está no longa “Orgulho” (“Le Brio”), de Yvan Attal, como um explosivo pro­fessor que aceita preparar uma aluna da periferia para um con­curso de oratória. A protago­nista Camélia Jordana, atriz e cantora, chamada na França de “Nova Madonna”, foi premiada com o César 2018 de Melhor Atriz Revelação por esse papel.

Outros dramas que também estão na programação deste ano focarão em questões humanas e sociais. É o caso de “Primavera em Casablanca” (“Razzia”), que trata de intolerância e aceitação das diferenças, assinado pelo marroquino Nabil Ayouch; de “A aparição” (“L’apparition”), de Xavier Giannoli, que investiga a crença e a manipulação de infor­mações ao redor de uma moça que alega ter visto uma aparição da Virgem Maria.

Não faltam ainda as co­médias clássicas, dramáticas, românticas, todas com o in­confundível toque francês. Entre elas estão quatro longas­-metragens. Ganhador de cinco prêmios Cesar, “Nos vemos no paraíso” (“Au revoir là-haut”) é uma adaptação do romance de Pierre Lemaître, que conta sobre a amizade entre dois sobreviven­tes de guerra, que montam um plano para desmascarar um te­nente corrupto.

Já em “50 são os novos 30” (Marie Francine), de Valérie Lemercier, a diretora também interpreta o papel protagonista de uma mulher que volta a mo­rar com os pais aos 50 anos. “O retorno do herói” (“Le retour du héros”), de Laurent Tirard (“O pequeno Nicolau”), traz o pre­miado ator Jean Dujardin como um covarde e desleal capitão, que se transforma em um herói a partir de uma grande mentira inventada por sua cunhada.

Por último, “De carona para o amor” (“Tout le monde de­bout”), de Franck Dubosc, re­trata a história de um galantea­dor mentiroso, que se passa por um deficiente para conquistar a amada. A criançada também não fica de fora, já que vai ter a oportunidade de assistir “A ra­posa má” (“Le grand méchant renard et autres contes”), de Ben­jamin Renner e Patrick Imbert. Ganhador do César de Melhor Filme de Animação em 2018, o longa revela que o campo pode ser nada tranquilo com um coe­lho que pensa ser uma cegonha, um pato que deseja substituir o Papai Noel e uma raposa que acredita ser uma galinha.

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